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entrevista
Avaliação não garante melhora, diz pesquisador
DA REPORTAGEM LOCAL
A premiação com base
em avaliações é um conceito interessante, mas
ainda não há evidências de
que seja efetiva, afirma
Gustavo Iaies, ex-vice-ministro da Educação da Argentina e presidente da
Cepp (Centro de Estudos
de Políticas Públicas, com
sede em Buenos Aires).
Pesquisador de sistemas
educacionais da América
Latina, Iaies diz que o projeto aprovado pelo governo paulista poderia receber alguns ajustes.
(FÁBIO TAKAHASHI)
FOLHA - Como o sr. avalia a
proposta aprovada em São
Paulo?
GUSTAVO IAIES - É um conceito que, acima da discussão de quais resultados
trará, é justo. Concordo
com a diferenciação entre
os professores, o que considera a superação individual. É um valor presente
em nossas vidas. Além disso, precisamos buscar mecanismos de melhora, formas que estimulem os docentes a se esforçarem.
Um ponto que eu mudaria é a forma de avaliação.
Prefiro o método de incentivos para a escola. O motor da melhora educacional é a instituição, o coletivo. Por isso, deve-se premiar as melhores escolas
[método que o governo
adota para o pagamento de
bônus anual, mas não para
o novo plano de salários].
FOLHA - Com base em experiências de outros países da
América Latina, como o sr.
analisa a ideia de avaliar e premiar os melhores professores?
IAIES - As experiências
ainda são muito recentes
para tirarmos conclusões.
A única que possui mais de
20 anos é a cubana. Mas,
em tese, concordo em premiar os melhores.
FOLHA - Quais são as experiências desse tipo na região?
IAIES - A avaliação é adotada com diferentes objetivos. No Chile [país com os
melhores indicadores],
busca-se melhora das práticas docentes. Aqueles
que não atingem os objetivos passam a ser acompanhados por um tutor, inclusive durante as aulas.
Na Colômbia e no Equador, busca-se instalar a
ideia do mérito, com base
em resultados em provas
aplicadas aos professores.
No México, a avaliação
considera a aprendizagem
dos alunos e há incentivos
financeiros aos docentes.
Os sistemas educacionais foram criados originalmente para difundir a
ideia de nação e transmitir
conhecimentos mínimos
para um mercado de trabalho que não exigia muitas competências. Buscar
qualidade de ensino é uma
operação monumental para os nossos sistemas.
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