São Paulo, quarta-feira, 28 de outubro de 2009

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"Bom coração matou minha filha", diz mãe

Carmen Calazans, mãe da jovem morta por viciado em crack que tentava ajudar, afirma que ela era solidária e prestativa com amigos

Segundo ela, Bárbara se aproximou do rapaz que a matou durante surto quando passaram a viver na mesma rua, há 5 meses

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Bárbara Chamun Calazans Laino, 18, estudava durante o dia em casa, à noite na escola. Pretendia voltar a um curso de desenho de moda, para aprimorar suas habilidades, desenvolvidas principalmente entre os 12 e 16 anos.
Os sonhos de Bárbara acabaram no sábado por sua "grandeza de coração", ao tentar ajudar o músico Bruno Kliegerman, 26, a abandonar o crack. São estas as lembranças e a conclusão sobre o crime de Carmen Calazans, mãe da menina, em entrevista à Folha por e-mail -intermediada pelo advogado da família, Marcelo Silva.
Bruno a matou durante um surto causado pela droga e foi entregue à polícia pelo próprio pai, o produtor cultural Luiz Fernando Prôa Melo.
Carmen não disse se aceita as desculpas pedidas pelo pai, mas afirmou esperar que a justiça seja feita. "Porque quem fez isso de uma forma tão torpe e absurda pode repetir o ato inúmeras vezes."
Bárbara gostava de praia, assistir a DVDs e e ir ao shopping. Cursava o 3º ano do ensino médio no Colégio Pinheiro Guimarães, a poucos metros do apartamento em que vivem a mãe, a avó, o irmão e os "gatinhos de estimação", como contou Carmen.
Estudava numa turma de jovens e adultos à noite. Antes de chegar à escola, buscava o irmão de dez anos no local, deixava-o em casa e voltava.
A menina prestaria no final do ano vestibular para moda. Nas aulas de biologia, comentava com a professora Silvia Freitas, 41, que ajudava um amigo viciado em drogas.
"A gente ensina que o melhor é levar a pessoa para uma clínica para se tratar. Mas ela dizia que tentava resolver sozinha, conversando", disse Silvia.
Segundo a mãe de Bárbara, ela se aproximou de Bruno quando passaram a viver na mesma rua, há cerca de cinco meses. Ela tentou ajudá-lo a se livrar do crack.
"A falta que ela faz nunca será preenchida. Deixou-nos um vazio enorme, pois sempre estava com um sorriso no rosto, meiga, disposta a ajudar. E tudo se acaba em um crime bestial, cometido por alguém que a conhecia, a quem tentou ajudar e que sabia de todo o seu caráter", disse Carmen.


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