|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Bom coração matou minha filha", diz mãe
Carmen Calazans, mãe da jovem morta por viciado em crack que tentava ajudar, afirma que ela era solidária e prestativa com amigos
Segundo ela, Bárbara se aproximou do rapaz que a matou durante surto quando passaram a viver na mesma rua, há 5 meses
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Bárbara Chamun Calazans
Laino, 18, estudava durante o
dia em casa, à noite na escola.
Pretendia voltar a um curso de
desenho de moda, para aprimorar suas habilidades, desenvolvidas principalmente entre os
12 e 16 anos.
Os sonhos de Bárbara acabaram no sábado por sua "grandeza de coração", ao tentar ajudar
o músico Bruno Kliegerman,
26, a abandonar o crack. São estas as lembranças e a conclusão
sobre o crime de Carmen Calazans, mãe da menina, em entrevista à Folha por e-mail -intermediada pelo advogado da
família, Marcelo Silva.
Bruno a matou durante um
surto causado pela droga e foi
entregue à polícia pelo próprio
pai, o produtor cultural Luiz
Fernando Prôa Melo.
Carmen não disse se aceita
as desculpas pedidas pelo pai,
mas afirmou esperar que a justiça seja feita. "Porque quem
fez isso de uma forma tão torpe
e absurda pode repetir o ato
inúmeras vezes."
Bárbara gostava de praia, assistir a DVDs e e ir ao shopping.
Cursava o 3º ano do ensino médio no Colégio Pinheiro Guimarães, a poucos metros do
apartamento em que vivem a
mãe, a avó, o irmão e os "gatinhos de estimação", como contou Carmen.
Estudava numa turma de jovens e adultos à noite. Antes de
chegar à escola, buscava o irmão de dez anos no local, deixava-o em casa e voltava.
A menina prestaria no final
do ano vestibular para moda.
Nas aulas de biologia, comentava com a professora Silvia
Freitas, 41, que ajudava um
amigo viciado em drogas.
"A gente ensina que o melhor
é levar a pessoa para uma clínica para se tratar. Mas ela dizia
que tentava resolver sozinha,
conversando", disse Silvia.
Segundo a mãe de Bárbara,
ela se aproximou de Bruno
quando passaram a viver na
mesma rua, há cerca de cinco
meses. Ela tentou ajudá-lo a se
livrar do crack.
"A falta que ela faz nunca será preenchida. Deixou-nos um
vazio enorme, pois sempre estava com um sorriso no rosto,
meiga, disposta a ajudar. E tudo se acaba em um crime bestial, cometido por alguém que a
conhecia, a quem tentou ajudar
e que sabia de todo o seu caráter", disse Carmen.
Texto Anterior: A prova Próximo Texto: Frase Índice
|