São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2011

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Velocidade excessiva puxa recorde de multas em SP

Em oito meses de 2011, infrações por velocidade somam 17% mais que em 2010 inteiro

Especialistas aprovam aperto de fiscalização, mas cobram melhorias da CET; 3/4 do total de multas são de radares

ALENCAR IZIDORO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A cidade de São Paulo convive com uma disparada histórica de multas de trânsito. O recorde alcançado este ano se aproxima de uma a cada três segundos -acima do dobro do ritmo de 2008, antes do começo do atual mandato de Gilberto Kassab (PSD). Tudo isso está sendo puxado por excesso de velocidade, um dos principais agravantes de acidentes viários.
Até agosto, as multas por velocidade excessiva já alcançavam 2,3 milhões, 17% mais do que em 2010 inteiro. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) estima que, no final de 2011, essas infrações totalizarão 76% mais do que no ano passado. A primeira explicação para a disparada de multas é a difusão de radares, que foram de 508 para 576 em um ano.
Não é à toa que, de cada quatro multas, hoje três são aplicadas por equipamentos. O aperto da fiscalização eletrônica não explica tudo, dizem especialistas, para quem houve piora no comportamento de condutores. Eles também reconhecem que a redução do limite de velocidade de 70 km/h para 60 km/h em 69 vias, ainda que favorável à segurança, contribui para elevar as multas.
O balanço foi divulgado pela CET no 18º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, realizado no Rio pela ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos). "A estratégia é intensificar a fiscalização por equipamentos e liberar os agentes para orientar", defende Eduardo Macabelli, diretor de operações da empresa.
O aperto da fiscalização é aprovado por técnicos -apesar da resistência de motoristas. Para eles, pode haver reflexo positivo na segurança.

E A INFRAESTRUTURA?
Os boletins de ocorrência de acidentes com mortes subiram 5% de janeiro a junho. No último trimestre, a tendência mudou -caíram 5%. Mas os especialistas fazem críticas ao trabalho da CET. A primeira é que a disparada de multas e, portanto, da arrecadação (que atingirá R$ 832 milhões em 2012), ainda não se reflete em melhorias significativas da infraestrutura.
Luís Antônio Seraphim, consultor em engenharia de tráfego, diz que deficiências tão básicas são inadmissíveis. Entre as citadas por técnicos há falta de sinalização, câmeras quebradas e apagões de semáforos com chuva.
"A multa é pedagógica. Esse aumento de fiscalização ainda é pouco. A CET está aquém das necessidades da cidade", afirma Jaime Waisman, professor da USP.

O jornalista ALENCAR IZIDORO viajou a convite da ANTP


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