São Paulo, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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OUTRO LADO
Governador afirma que só vai "reaproveitar os reaproveitáveis"; para sindicato, todos são vítimas do sistema
Monitor será selecionado, diz governo

da Reportagem Local

Alvo constante de denúncias, os 4.500 funcionários da Febem passarão por sucessivos testes e treinamentos com a descentralização das unidades. É essa uma das promessas do governador Mário Covas (PSDB), que anunciou há dez dias uma reformulação no sistema de atendimento aos menores.
Nos últimos cinco anos, 236 deles foram demitidos por justa causa. O governo não divulga os motivos, mas confirma que alguns foram flagrados em agressões.
Covas quer fazer convênio com universidades e habilitar a Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo) para treinar esses funcionários. Terão que "abandonar o sistema antiquado de tratamento do menor".
"Vamos reaproveitar os reaproveitáveis", resumiu Covas. É uma mudança de discurso. No auge da sequência de fugas e motins, o governador chegou a dizer que poderia existir a participação de monitores, já chamados de "trogloditas" pelo ex-presidente da Febem Guido Andrade.
Além do treinamento, o governo acredita que a distribuição das unidades por 44 municípios permitirá maior controle da sociedade sobre o tratamento dispensado aos menores.
O novo sistema, pelos planos do governador, deve estar totalmente implantado até o final do ano que vem. Covas tem ainda dois grandes impasses pela frente: garantir a aplicação de cerca de R$ 1 milhão para pôr em funcionamento cada uma das unidades e convencer as prefeituras a receber os menores infratores.
O sindicato dos trabalhadores da Febem faz uma defesa ponderada de seus filiados. Admite a possibilidade de existirem desvios, mas nega que sejam prática dominante. Para o sindicato, tanto internos quanto funcionários da Febem têm sido vítimas do colapso geral do sistema.
"O monitor também não é respeitado. É ameaçado, agredido. Alguns perdem a estabilidade emocional e entram em um ciclo de agressões maluco", diz Adalberto Carlos da Silva, 36, um dos diretores do Sitraenfa.
"Não defendemos isso. De forma nenhuma, mas queremos deixar bem claro que o monitor é um ser humano. Ameaçado e sob tensão, reage emocionalmente."
Segundo o sindicato, dos 1.646 monitores que lidam diretamente com internos da instituição, cerca de 10% sofrem de distúrbios nervosos decorrentes da profissão.
"Somos a favor da triagem, Se alguém não tiver condições de trabalhar, que seja afastado", diz Silva. (SÍLVIA CORRÊA)

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