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OUTRO LADO
Governador afirma que só vai "reaproveitar os reaproveitáveis"; para sindicato, todos são vítimas do sistema
Monitor será selecionado, diz governo
da Reportagem Local
Alvo constante de denúncias, os
4.500 funcionários da Febem passarão por sucessivos testes e treinamentos com a descentralização
das unidades. É essa uma das promessas do governador Mário Covas (PSDB), que anunciou há dez
dias uma reformulação no sistema de atendimento aos menores.
Nos últimos cinco anos, 236 deles foram demitidos por justa causa. O governo não divulga os motivos, mas confirma que alguns
foram flagrados em agressões.
Covas quer fazer convênio com
universidades e habilitar a Fundap (Fundação do Desenvolvimento Administrativo) para treinar esses funcionários. Terão que
"abandonar o sistema antiquado
de tratamento do menor".
"Vamos reaproveitar os reaproveitáveis", resumiu Covas. É uma
mudança de discurso. No auge da
sequência de fugas e motins, o governador chegou a dizer que poderia existir a participação de monitores, já chamados de "trogloditas" pelo ex-presidente da Febem
Guido Andrade.
Além do treinamento, o governo acredita que a distribuição das
unidades por 44 municípios permitirá maior controle da sociedade sobre o tratamento dispensado
aos menores.
O novo sistema, pelos planos do
governador, deve estar totalmente implantado até o final do ano
que vem. Covas tem ainda dois
grandes impasses pela frente: garantir a aplicação de cerca de R$ 1
milhão para pôr em funcionamento cada uma das unidades e
convencer as prefeituras a receber
os menores infratores.
O sindicato dos trabalhadores
da Febem faz uma defesa ponderada de seus filiados. Admite a
possibilidade de existirem desvios, mas nega que sejam prática
dominante. Para o sindicato, tanto internos quanto funcionários
da Febem têm sido vítimas do colapso geral do sistema.
"O monitor também não é respeitado. É ameaçado, agredido.
Alguns perdem a estabilidade
emocional e entram em um ciclo
de agressões maluco", diz Adalberto Carlos da Silva, 36, um dos
diretores do Sitraenfa.
"Não defendemos isso. De forma nenhuma, mas queremos deixar bem claro que o monitor é um
ser humano. Ameaçado e sob tensão, reage emocionalmente."
Segundo o sindicato, dos 1.646
monitores que lidam diretamente
com internos da instituição, cerca
de 10% sofrem de distúrbios nervosos decorrentes da profissão.
"Somos a favor da triagem, Se
alguém não tiver condições de
trabalhar, que seja afastado", diz
Silva.
(SÍLVIA CORRÊA)
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