São Paulo, Domingo, 28 de Novembro de 1999


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Grupo recupera com R$200 mensais

da Reportagem Local

"Condenar é fácil. Manda entrar e manda sair. Mas o cara vai voltar para rua e fazer o quê? Vai meter BO, porque precisa de dinheiro e não consegue nada."
Foi para romper o ciclo vicioso descrito por Júnior que um grupo de voluntários resolveu iniciar uma ação pós-Febem.
Foi assim que, há dez anos, surgiu o Jeame. Hoje, a entidade visita as unidades da Febem, conversa com os meninos e oferece uma chance a alguns: consegue retirá-los da fundação, interná-los em clínicas de recuperação, oferecer casa, alimentação, cursos e muitas vezes emprego.
Cada menino custa ao Jeame R$ 200 por mês, incluindo aluguel, alimentação e transporte para os cursos. É quase um décimo do que o Estado gasta para manter um menor internado, só comendo e sendo vigiado.
"Trabalhamos com a auto-estima", diz Fernando Holanda, 38, um ex-assaltante com sete passagens e dez anos de condenação.
Holanda quer fazer o que fizeram com ele. Quando estava preso em Minas Gerais, uma voluntária o ajudou. Deu certo. "A minha auto-imagem era destruída. Era a identidade de um ladrão. Mas ela me emprestou valor."
Desde que a instituição foi fundada, cerca de 350 menores já passaram por ela. As estatísticas do Jeame apontam que 250 vivem hoje longe do crime (71%).
O Jeame só funciona graças à rede informal de voluntários. São pessoas como o empresário francês Jean-Marie Jankovski, 51, que emprega em sua importadora I., 23, duas passagens por latrocínio. "Ele começou como "gerente técnico'", brinca Jean, explicando que o rapaz, um ano atrás, consertava encanamentos da firma. Hoje, I. comanda os vendedores da empresa de Jean e faz faculdade de administração de empresas. Tem as senhas e os cartões bancários do patrão. (SC)


Jeame: 0xx11-223.3072


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