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POLÍCIA
Jovens se reúnem em posto de combustível na avenida Brig. Faria Lima e ignoram presença da PM
Rachadores desafiam policiais no Itaim
ALENCAR IZIDORO
da Reportagem Local
Nem mesmo a presença da polícia está coibindo a disputa de rachas nas ruas do Itaim Bibi, zona
sudoeste de São Paulo.
Jovens que se reúnem de quinta
a domingo em um posto de combustível da av. Brigadeiro Faria Lima, próximo ao cruzamento com
a av. Juscelino Kubitschek, chegam a dar cavalos-de-pau e a cantar os pneus dos carros na frente
de policiais que fiscalizam a área.
O "point" dos "rachadores"
aglomera mais de 300 pessoas nos
finais de semana, que vão ao local
para participar ou ver os "pegas"
na avenida.
No último dia 13, um racha entre dois carros importados -um
Eclipse e um Mazda- provocou
um acidente na frente de um bar
movimentado da região.
A agitação no posto de combustível Ipiranga começa às 23h. Moradores do bairro dizem ser impossível dormir antes das 4h.
"Não há o que fazer. Meu vizinho já jogou prego na pista", diz
Bernardo Wallis, vice-presidente
do Conseg (Conselho de Segurança Comunitária) do Itaim Bibi.
Ele afirma que o problema começou após a inauguração do
posto, há pouco mais de dois
anos. Nos últimos meses, apesar
da presença da PM e do CPTran
(Comando de Policiamento de
Trânsito), os "rachadores" só se
multiplicaram.
Até agora, nenhum motorista
foi flagrado disputando racha. A
polícia vem fazendo blitze, mas os
resultados não são significativos.
Em dois meses (setembro e outubro), a "Operação Racha" do
CPTran fez vistorias em 157 veículos da região. Apenas três foram apreendidos e 37, autuados.
A multa mais comum é a alteração das características do veículo
sem autorização. A maioria dos
carros que fica no posto está turbinada e rebaixada -o que potencializa sua velocidade.
Segundo o comando, a região
teve apenas um acidente com vítimas nesse período. Quem frequenta o local, porém, diz ter visto mais, e explica as estatísticas: os
"rachadores" não registram a
ocorrência porque teriam que explicar o motivo do acidente.
Uma câmera da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego),
instalada no semáforo da Faria Lima com a Juscelino Kubitschek,
poderia não apenas precisar a
quantidade de batidas como
identificar os envolvidos. Mas o
equipamento não está ligado, informa a assessoria da empresa.
Ousadia
Quando aparece um veículo da
polícia, os "rachadores" ficam de
olho, mas nem por isso se intimidam. Foi o que aconteceu na noite
da última quinta-feira.
Apesar do carro da PM, era comum ver e ouvir carros e motos
saindo e entrando no posto cantando os pneus.
No outro lado da avenida, a ousadia era maior: uma moto dava
cavalo-de-pau na pista, enquanto
os espectadores aplaudiam.
Os policiais não tinham o que
fazer, a não ser tentar anotar as
placas. "Se a gente sai daqui para
pegar, não alcança", disse o soldado Sérgio (nome fictício).
"Além disso, somos orientados
a não ir atrás. Com tanta gente nas
calçadas, o risco poderia ser ainda
maior", afirmou o soldado Ricardo (nome fictício).
O sargento Vicente Petrasso, da
seção de estatísticas do CPTran,
confirma a orientação dada aos
policiais. "É difícil fazer o flagrante do racha porque não pode haver perseguição. É uma forma de
proteger a vida de terceiros."
No mesmo dia, a dispersão dos
"rachadores" ocorreu assim que
perceberam a chegada de mais
policiais. Quando as sirenes apareceram, o posto já estava vazio.
Desafio
Dono de uma picape Corsa, Fábio (nome fictício), 18, é um dos
que frequenta o "point" e desafia
a polícia. "Os PMs não fazem nada. Se a gente inventa que pegou o
carro escondido dos pais, eles liberam, desde que você deixe o
"cafezinho", entre R$ 50 e R$ 100."
Ele também desafia a mecânica
do carro. "Outro dia queimei a
embreagem cantando pneu. Puxei o freio de mão e pisei fundo no
acelerador durante dois minutos.
Subiu uma fumaça danada e todo
mundo ficou vibrando em volta.
Daí o carro não andava mais e tive
que chamar o guincho. Gastei R$
2.022. Hoje eu vou queimar outra
de novo."
Colaborou Elaine Rodrigues, free-lance para
a Folha
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