|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DETRAN
Contrato sem licitação dá prejuízo de R$ 33 mi
GUTO GONÇALVES
MARIANA CARVALHO
do "Agora São Paulo"
O Detran (Departamento Estadual de Trânsito) contratou empresas sem licitação para fazer o
emplacamento e a lacração de
carros, abrindo mão do valor arrecadado com os serviços e amargando prejuízo de R$ 33 milhões
ao ano para os cofres do governo
estadual.
Para contratar essas empresas,
o Detran usa uma brecha na legislação que trata de contratos emergenciais. Três empresas monopolizam o fornecimento de placas e a
lacração dos carros no Estado: a
Comepla Indústria e Comércio
Ltda, a Queiroz & Souza Indústria e Comércio de Placas Automotivas Ltda. e a Reprinco Indústria e Comércio Ltda. O último
contrato firmado sem licitação é
datado de 5 de outubro.
No interior do Estado, a Queiroz & Souza e a Reprinco tiveram
contratos emergenciais renovados em outubro, com vigência de
180 dias. Na capital e região metropolitana, a Comepla teve o
contrato renovado por mais dois
anos em setembro.
Para o motorista regularizar seu
carro hoje é necessário comprar a
placa fabricada pelas empresas
definidas pelo Detran. O departamento só determina o preço das
placas mais simples, que varia de
R$ 9 a R$ 15 no Estado.
O Detran não tem controle do
valor de outras opções de placas,
como a de alumínio, que chega a
custar R$ 50. Os motoristas interessados nessas placas pagam o
valor delas acrescido do preço da
mais simples, cobrado sempre de
todos os proprietários. O valor do
emplacamento e da lacração domiciliar, que pode chegar a R$ 60,
também não é controlado.
Em documento obtido pela reportagem, a assistência jurídica
do Detran calculou o valor de R$
32,76 como taxa a ser cobrada pela lacração dos carros.
Segundo o documento, as empresas contratadas sem licitação
realizaram em 98, 1.013.189 de
emplacamentos e lacrações, o que
resultaria em uma arrecadação de
cerca de R$ 33 milhões.
O TCE (Tribunal de Contas do
Estado) considerou ilegais os contratos. Em decisão de julho de 98,
os conselheiros do tribunal determinaram a suspensão do edital de
concorrência que estava em curso
e deram prazo de dois meses para
que fosse feita uma licitação. Apesar de o prazo determinado pelo
TCE ter vencido há mais de um
ano, a nova concorrência ainda
não começou.
A assessoria de imprensa do
Detran afirma que as determinações do TCE serão adotadas. O
departamento, em ofício enviado
ao tribunal, requereu um prazo
maior do que os 60 dias. O Detran
deve passar a administrar as taxas
cobradas dos proprietários. Os
serviços custarão R$ 32,76.
O departamento informou que
está em curso uma licitação para a
escolha das empresas. Os contratos emergenciais são realizados
enquanto não é concluído o processo licitatório. A Secretaria da
Segurança Pública informou que
o Detran responderá pelos contratos firmados.
Texto Anterior: Mecânico não tem habilitação Próximo Texto: Saúde: Correção de dentes deve ser feita cedo Índice
|