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SAÚDE
Avaliação da boca da criança a partir dos 6 meses de vida pode evitar deformidades ósseas na face
Correção de dentes deve ser feita cedo
ADRIANA PERDIGÃO GAYOTTO
especial para a Folha
Esperar a troca completa dos
dentes para então arrumar aqueles que estão fora do lugar é uma
decisão arriscada. Aguardar muito pode ser tarde para conter tendências de crescimento desarmonioso do rosto da criança porque,
além dos dentes, os ossos também
são afetados.
Algumas características de disfunção podem ser notadas pelos
pais. Se uma criança chupa o dedo
ela terá os dentes superiores empurrados para frente.
Se respira pela boca, terá alterações na posição da língua, o que
causará reflexos nos dentes.
Prestar atenção a atividades rotineiras das crianças, como sugar,
mastigar, engolir, e relacioná-las
ao posicionamento dos dentes é
uma das principais preocupações
da ortopedia funcional dos maxilares, uma área da odontologia indicada para crianças.
"Ela propõe um tratamento que
não é agressivo e que evita extrair
dentes", afirma a fonoaudióloga
Ana Paula Lefévre.
""A ortopedia funcional olha como o paciente funciona. Quando
não está realizando as funções
adequadamente, as formas da boca e dos dentes irão mostrar isso.
Se for possível agir enquanto a
criança é pequena, poderemos
atuar no crescimento dos ossos e
não apenas na posição dos dentes", diz a ortopedista funcional
Ivete Caggiano Perez.
"O osso é uma estrutura plástica. A falta de respiração adequada
e a falta de mastigação irão interferir na forma dos ossos da face.
As crianças comem alimentos
que são indicados para facilitar a
vida dos pais, e acabam não mastigando. Se não usam o dente, não
estimulam o crescimento adequado", diz Sérgio Terçarolli, ortopedista funcional.
A mastigação correta deve ocorrer dos dois lados da boca para
que o estímulo de crescimento da
face seja equilibrado. Se a criança
só mastiga em um único lado, pode haver crescimento disforme da
face (veja quadro ao lado).
De acordo com a ortodontista
Nelly Sanseverino, o cuidado com
os dentes deve ser iniciado a partir
dos seis ou oito meses.
"Se os pais procuram o ortodontista com a criança com 12, 13
anos, as consequências pelos hábitos inadequados já aconteceram", declara.
Já existem técnicas que permitem avaliar as formas dos ossos de
uma criança e prever o crescimento que ela terá.
A ortopedia funcional trabalha
com aparelhos móveis (que só devem ser retirados para comer).Se
a tendência de uma criança é ter
um queixo muito para frente, por
exemplo, o tratamento visará
conter o avanço desse osso. Se o
céu da boca é estreito, com pouco
espaço para os dentes permanentes, o aparelho aumenta essa região.
"A partir dos três anos, quando
a criança já tem todos os dentes, é
possível identificar se a os mecanismos de mastigação e oclusão
(maneira como os dentes de cima
se encontram com os de baixo)
estão bons", afirma Sérgio Terçarolli.
Através de várias técnicas, o especialista pode criar condições de
uma mastigação eficiente, estimulando o crescimento dos ossos
da face com mais harmonia.
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