São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2004

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Técnica divide o estômago

DA REPORTAGEM LOCAL

A estudante de enfermagem M., 22, de São Paulo (ela não quer ser identificada), foi operada há dois meses e meio. Com 1,78 m, chegou aos 120 quilos depois de voluntariamente engordar 15 quilos para fazer a operação. Já emagreceu 30 quilos e está feliz.
"Melhorou tudo em minha vida: o relacionamento com o marido, com os amigos, comigo mesma", diz. Ela se submeteu à técnica cirúrgica mais comum atualmente, conhecida como Capella.
A Capella consiste em dividir o estômago em duas partes. A maior é desativada. A menor, mais próxima do esôfago, fica com capacidade de apenas 20 mililitros, a mesma de uma xícara pequena de café. Na saída desse estomaguinho, é colocado um anel de restrição, de modo que o alimento passe lentamente. Isso prolonga a sensação de saciedade. Por fim, esse estômago novo é ligado à porção inicial do intestino delgado.
Evita-se, assim, que o alimento passe pela maior parte do estômago e pelo duodeno. Com isso, a digestão pelo suco gástrico é reduzida, facilitando o emagrecimento. A operação, em 90% dos casos, resulta em perdas de até 40% da massa corpórea, com poucas chances de reengorda.
Outra técnica bastante usada no Brasil é a do balão intragástrico, que promete perdas de peso mais modestas (10% do peso total do paciente), mas com a vantagem de ser um procedimento menos arriscado.
Vazio, o balão é introduzido no estômago por meio de um procedimento semelhante à endoscopia digestiva e, em seguida, é inflado. "Ele causa uma distensão em uma região específica do estômago onde existem receptores que enviam mensagens ao cérebro que dão a sensação de saciedade", explica o especialista em cirurgias do aparelho digestivo Carlos Haruo, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
O prazo máximo de permanência do balão no estômago, segundo a literatura, é de seis meses. Depois disso ele deve ser removido e o paciente corre o risco de voltar a engordar, caso não passe por severa reeducação alimentar.
A técnica também é usada como precursora da cirurgia mais radical. Muitos candidatos à operação Capella, de tão obesos, não podem enfrentar o bisturi sem antes emagrecer. Hipertensos e/ou diabéticos, correriam risco excessivo.

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