DA REPORTAGEM LOCAL

De cada quatro relatos, pelo menos um denuncia casos de flagrantes forjados e extorsão de dinheiro supostamente praticados por policiais. Os moradores aparecem como vítimas, testemunhas e até intermediários em negociações para soltar presos.
Os valores pedidos pelos policiais, segundo os relatos, variam de R$ 5 mil a R$ 10 mil. Os valores pagos, no entanto, são mais baixos. É o que teria ocorrido meses atrás, segundo uma testemunha que não quis se identificar.
O morador afirma que participou da negociação para soltar jovens inocentes. Eles teriam sido parados na rua e levados para o distrito policial.
Os policiais teriam pedido R$ 10 mil. Familiares e amigos teriam conseguido apenas R$ 3 mil. O dinheiro foi entregue ao advogado do preso, que estaria negociando diretamente com os policiais.
Segundo a testemunha, os policiais teriam aceitado o valor sob a condição de que os outros R$ 7 mil fossem pagos no dia seguinte. Os policiais teriam dito, também de acordo com a testemunha, que o suspeito poderia praticar crimes para conseguir a quantia sem se preocupar com o policiamento.
A vítima da suposta extorsão, que tinha antecedentes criminais, teria fugido de madrugada porque não tinha dinheiro para pagar o restante da dívida.

Relatório
Dos 65 testemunhos descritos no relatório organizado pelo Centro Santo Dias e pelo Condepe, 22 citam ofensas e humilhações supostamente praticadas por policiais. São as reclamações mais freqüentes nos depoimentos.
Em 16 relatos, houve citação a agressões físicas sofridas por moradores e, em outros 16 depoimentos, há referências a buscas em residências sem mandado judicial -um relato pode conter denúncias de vários crimes.
As ameaças aparecem em 11 relatos. Também são citados casos de policiais que teriam tentado forçar vítimas a reconhecer indiciados (três relatos) e intimidações nas quais os policiais usaram arma de fogo (quatro casos).
Os PMs representam a grande maioria dos denunciados pela população. São citados em pelo menos 65% dos relatos.

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