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Geladeira diminui câncer de estômago
Em 25 anos, esse foi o tipo que mais caiu; para especialista, uma das explicações é a diminuição do sal para conservar alimentos
Entre os homens, redução foi de 29,4% e entre o sexo feminino, de 35,1%, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Nos últimos 25 anos, o tipo
de câncer que mais diminuiu
no Brasil, tanto em homens
quanto em mulheres, foi o de
estômago. Entre mulheres, a
taxa de mortalidade por essa
causa caiu de 7,49 mortes por
100 mil para 4,86, uma redução
de 35,1%. Entre homens, a redução foi de 16,52 para 11,67,
uma variação negativa de
29,4% entre 1979 e 2004.
O diretor-geral do Inca (Instituto Nacional de Câncer),
Luiz Antonio Santini Silva, disse ontem, na divulgação de dados sobre a doença no Brasil,
que um dos principais fatores a
influenciar essa queda foi o aumento no acesso à energia elétrica, especialmente no Norte e
no Nordeste. Com a possibilidade de conservar alimentos na
geladeira, explicou ele, a população diminuiu o consumo de
sal em excesso, usado na conservação da carne -o que pode
levar ao câncer. "A diminuição
no número de casos ocorreu no
mesmo período em que aumentou o acesso à energia."
Outra explicação foi o melhor combate à bactéria Helicobacter pylori, isolada pela primeira vez em 1982. A descoberta de que ela poderia causar o
câncer no estômago facilitou o
tratamento com antibióticos.
De 1979 a 2004, o tipo de
câncer que mais aumentou entre homens foi o de próstata,
enquanto entre as mulheres a
maior variação ocorreu em casos de câncer de pulmão. Em
1979, a taxa de mortes por 100
mil homens por câncer de
próstata estava em 7,08. Vinte
e cinco anos depois, essa taxa
aumentou para 13,84, uma variação de 96% no período.
Entre as mulheres, a taxa de
mortes por câncer de pulmão
aumentou de 3,61 para 7,11,
uma variação de 97%. Silva explica que o aumento no número de mortes por câncer de
próstata entre homens está relacionado ao envelhecimento
populacional (já que a doença é
mais comum entre os mais velhos) e também à melhoria do
diagnóstico. No caso das mulheres, a principal explicação é
o aumento do consumo de cigarros, principal fator de risco.
O professor titular de urologia da Faculdade de Medicina
da USP, Miguel Srougi, diz que
o envelhecimento, fatores ambientais e uma maior busca por
casos podem estar contribuindo para o aumento de câncer
de próstata. Mas ele relativiza
os números do Inca e diz acreditar que o total de pessoas
com câncer é subestimado.
"Vejo com respeito, mas acho
que são dados imperfeitos porque temos um sistema de saúde indigente."
O presidente do Hospital do
Câncer de São Paulo, Ricardo
Brentani, diz que a subnotificação de casos deve-se ao desconhecimento da população sobre a doença, à falta de preparo
dos médicos, entre outros fatores. Ele destaca a discrepância
entre dados norte-americanos
e brasileiros. Os EUA têm mais
de 1 milhão de casos diagnosticados, enquanto aqui as estimativas falam em 472 mil. "Repito, ou Deus é brasileiro ou
não sabemos diagnosticar."
Maior incidência
Com exceção do câncer da
pele não-melanoma (o mais comum no Brasil), a maior incidência em homens está relacionada à próstata (26% dos casos), pulmão, traquéia ou brônquio (10%) e estômago (8%).
Entre as mulheres, os casos
mais comuns são da mama
(28%), colo do útero (11%) e cólon e reto (8%).
Especialistas salientam a necessidade de detecção precoce
do câncer. "Mais de 50% dos
casos de câncer de pulmão e da
mama são detectados tardiamente", afirma Nise Yamaguchi, presidente da seção São
Paulo da Sociedade Brasileira
de Oncologia Clínica.
Colaborou FABIANE LEITE, da Reportagem Local
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