São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2007

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Cássio Arouca, homem das fechaduras

WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Que as suas fechaduras abrissem e fechassem milhares de portas, vagões de metrô e celas de cadeia Brasil afora não impressionava Cássio Arouca -ele instalou muitas antes de se tornar presidente da maior empresa nacional do segmento.
Um metiê ganho no berço. Já aos sete anos de idade, "ainda de calças curtas", Cássio rodeava o pai, Oswaldo, enquanto coordenava o feitio de pregos no chão da fábrica criada por ele, em 1938.
O que hoje é uma estrutura com 8.000 m2 no número 404 da rua Oswaldo Arouca, na Vila Formosa, era um galpão de 60 m2, erguido quando ainda não havia luz elétrica ou linha telefônica no bairro. Foi na pequena fábrica de pregos, movida a um gerador a diesel e com apenas três funcionários, que o pequeno Cássio brincava.
Logo já vendia pregos nas ruas do bairro e fazia fechaduras que ele mesmo instalava como "colocador" da firma. Foi ainda office boy -antes de estudar engenharia química e voltar para dirigir a empresa, em 1954.
Se "sua vida era a fábrica", da qual esteve à frente até o último dia de vida -fez parte da Fiesp e da Ciesp -o voluntariado era um hobby. Era membro da Y's Men's Club International e presidente da Associação Cristã de Moços -os diplomas da entidade ainda estampam as paredes do escritório.
A imagem que ficará de "Seu Arouca", porém, é a do velhinho que, do nada, sacava uma balinha de frutas do bolso e entregava com um breve de Santo Expedito.
Deixou cinco filhos e uma neta, ao morrer de parada respiratória enquanto dormia, no dia 20, em São Paulo.


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