São Paulo, sábado, 28 de novembro de 2009

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Armados, diretores tomam entidade de PMs

Integrantes da Associação dos Subtenentes e Sargentos de São Paulo destituem presidente e o acusam de desviar verbas

Deposto nega as acusações e afirma que golpe ocorreu depois de abrir sindicâncias para apurar denúncias contra outros diretores

AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL

Armados, oito diretores de uma associação que representa cerca de 30 mil policiais militares de São Paulo destituíram o presidente da entidade.
Os PMs, entre eles o atual vice-presidente da Associação de Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar, acusam o presidente da entidade, tenente Hélio César da Silva, de desviar recursos. Ele nega e foi à Justiça para tentar retomar o cargo.
Quando retornou de uma reunião em outro local, no último dia 19, o tenente Hélio foi impedido de entrar na associação, segundo relatou à Folha. "Estavam todos armados e disseram que eu não era mais o presidente por uma decisão da diretoria, que não passou pela assembleia-geral", afirmou.
Nesse dia, outros PMs foram chamados para evitar um confronto. Um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil relatando o fato. A PM confirma que os diretores estavam armados.
"Não tive nem o direito de defesa. Parecia um golpe militar. Me senti como o Manuel Zelaya [presidente deposto de Honduras]", afirmou.
Da 20 sedes regionais da associação, 8 foram tomadas, de acordo com o tenente. Na sede estadual, as fechaduras das portas foram trocadas. Hoje, a instituição está sob o comando do sargento Ângelo Criscuolo, vice de Hélio.
Ontem à tarde, a reportagem falou três vezes, por telefone, com o sargento Ângelo. Informado sobre o assunto da entrevista, disse estar em reunião e que depois ligaria de volta. À noite, quando procurado pela quarta vez, mandou um assessor dizer que só se manifestará na próxima semana.

Acusações
O principal argumento dos diretores que tomaram a instituição era o de que o ex-presidente cometeu uma série de irregularidades e endividou a entidade. Com faturamento mensal de R$ 1,3 milhão, a associação possui uma dívida de R$ 11,8 milhões, informou o presidente deposto.
O tenente nega que tenha cometido irregularidades, mas admite que "exagerou nos gastos", com aval da diretoria. Segundo ele, o patrimônio da entidade era de R$ 16 milhões no ano 2000, quando assumiu, e hoje é de R$ 53 milhões.
O tenente diz que foi destituído do cargo porque abriu sindicâncias para investigar as denúncias de enriquecimento ilícito, desvio de recursos e outras irregularidades que teriam sido cometidas pelo vice-presidente, por membros de diretorias regionais, da tesouraria e do conselho fiscal.
O tenente Hélio afirma que recorreu à Justiça para retornar ao cargo e que denunciou os diretores ao Comando-Geral e à Corregedoria da PM.
Procurado, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Álvaro Camilo, não se pronunciou sobre o assunto.


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