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Armados, diretores tomam entidade de PMs
Integrantes da Associação dos Subtenentes e Sargentos de São Paulo destituem presidente e o acusam de desviar verbas
Deposto nega as acusações e afirma que golpe ocorreu depois de abrir sindicâncias para apurar denúncias contra outros diretores
AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL
Armados, oito diretores de
uma associação que representa
cerca de 30 mil policiais militares de São Paulo destituíram o
presidente da entidade.
Os PMs, entre eles o atual vice-presidente da Associação de
Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar, acusam o presidente da entidade, tenente Hélio César da Silva, de desviar recursos. Ele nega e foi à Justiça
para tentar retomar o cargo.
Quando retornou de uma
reunião em outro local, no último dia 19, o tenente Hélio foi
impedido de entrar na associação, segundo relatou à Folha.
"Estavam todos armados e disseram que eu não era mais o
presidente por uma decisão da
diretoria, que não passou pela
assembleia-geral", afirmou.
Nesse dia, outros PMs foram
chamados para evitar um confronto. Um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia
Civil relatando o fato. A PM
confirma que os diretores estavam armados.
"Não tive nem o direito de
defesa. Parecia um golpe militar. Me senti como o Manuel
Zelaya [presidente deposto de
Honduras]", afirmou.
Da 20 sedes regionais da associação, 8 foram tomadas, de
acordo com o tenente. Na sede
estadual, as fechaduras das
portas foram trocadas. Hoje, a
instituição está sob o comando
do sargento Ângelo Criscuolo,
vice de Hélio.
Ontem à tarde, a reportagem
falou três vezes, por telefone,
com o sargento Ângelo. Informado sobre o assunto da entrevista, disse estar em reunião e
que depois ligaria de volta. À
noite, quando procurado pela
quarta vez, mandou um assessor dizer que só se manifestará
na próxima semana.
Acusações
O principal argumento dos
diretores que tomaram a instituição era o de que o ex-presidente cometeu uma série de irregularidades e endividou a entidade. Com faturamento mensal de R$ 1,3 milhão, a associação possui uma dívida de R$
11,8 milhões, informou o presidente deposto.
O tenente nega que tenha cometido irregularidades, mas
admite que "exagerou nos gastos", com aval da diretoria. Segundo ele, o patrimônio da entidade era de R$ 16 milhões no
ano 2000, quando assumiu, e
hoje é de R$ 53 milhões.
O tenente diz que foi destituído do cargo porque abriu
sindicâncias para investigar as
denúncias de enriquecimento
ilícito, desvio de recursos e outras irregularidades que teriam
sido cometidas pelo vice-presidente, por membros de diretorias regionais, da tesouraria e
do conselho fiscal.
O tenente Hélio afirma que
recorreu à Justiça para retornar ao cargo e que denunciou
os diretores ao Comando-Geral
e à Corregedoria da PM.
Procurado, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel
Álvaro Camilo, não se pronunciou sobre o assunto.
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