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Policiais e fuzileiros zombam de traficante baleado
ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Em frente a um pequeno
televisor instalado no 16º batalhão, em Olaria, zona norte
do Rio, soldados da PM e da
Marinha se acotovelam para
assistir às imagens dos traficantes fugindo da Vila Cruzeiro. Todos comemoram.
Ao verem um traficante ser
baleado e ir ao chão, caem no
riso e decretam: "Vacilão".
Eles haviam vivenciado
aquelas cenas pouco antes,
mas pareciam precisar de
mais informação para conseguirem acreditar que, enfim,
a "fortaleza do tráfico" do Rio
havia sido tomada.
Muitos cariocas passaram
a tratar a última quinta-feira
como o "Dia D" da luta contra o tráfico. Essa alusão à invasão da Normandia, na Segunda Guerra, vai um pouco
além do batido jargão.
A entrada nos domínios de
Fabiano Atanásio da Silva, o
FB, ex-""dono" de um dos
morros mais violentos do
Rio, usou táticas de ocupação de territórios em guerra.
Os Clanfs, carros anfíbios
da Marinha, lideraram a ocupação porque só eles poderiam resistir ao impacto de
um projétil de arma de calibre .50 -FB, segundo policiais, tinha uma dessas.
Os chamados caveirões da
PM são cortados "como papel", segundo os policiais.
Além dos Clanfs, também foram utilizados os M113 (um
outro blindado da Marinha).
Havia tantos homens do
Bope querendo participar daquele momento que não respeitaram a capacidade dos
blindados. "Onde cabiam 13,
foram 16", diz um deles.
Os Clanfs foram crivados
de balas, de todos os tipos,
incluindo a .50. "Você só escutava na lataria: pim, pim,
pim", diz um deles.
Os PMs do Bope esperaram quatro anos para vingar,
como gostariam, a morte de
um colega no local. "O FB
disse que não deixaria o morro, que resistiria. Quando viram nossa força, com os blindados, não tiveram jeito senão fugir", afirma um PM.
A ocupação selou uma
parceria que os homens da
Marinha comemoram. "Juntaram os dois Bopes", dizia
um soldado. "Até os símbolos são iguais, de caveiras."
A comemoração dos fuzileiros navais era, segundo
eles, pelo reconhecimento
que já mereciam. "Sempre
que veem a nossa farda verde, pensam que é o Exército.
É a Marinha", diz um deles.
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