São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2010

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Policiais e fuzileiros zombam de traficante baleado

ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Em frente a um pequeno televisor instalado no 16º batalhão, em Olaria, zona norte do Rio, soldados da PM e da Marinha se acotovelam para assistir às imagens dos traficantes fugindo da Vila Cruzeiro. Todos comemoram.
Ao verem um traficante ser baleado e ir ao chão, caem no riso e decretam: "Vacilão".
Eles haviam vivenciado aquelas cenas pouco antes, mas pareciam precisar de mais informação para conseguirem acreditar que, enfim, a "fortaleza do tráfico" do Rio havia sido tomada.
Muitos cariocas passaram a tratar a última quinta-feira como o "Dia D" da luta contra o tráfico. Essa alusão à invasão da Normandia, na Segunda Guerra, vai um pouco além do batido jargão.
A entrada nos domínios de Fabiano Atanásio da Silva, o FB, ex-""dono" de um dos morros mais violentos do Rio, usou táticas de ocupação de territórios em guerra.
Os Clanfs, carros anfíbios da Marinha, lideraram a ocupação porque só eles poderiam resistir ao impacto de um projétil de arma de calibre .50 -FB, segundo policiais, tinha uma dessas.
Os chamados caveirões da PM são cortados "como papel", segundo os policiais. Além dos Clanfs, também foram utilizados os M113 (um outro blindado da Marinha).
Havia tantos homens do Bope querendo participar daquele momento que não respeitaram a capacidade dos blindados. "Onde cabiam 13, foram 16", diz um deles.
Os Clanfs foram crivados de balas, de todos os tipos, incluindo a .50. "Você só escutava na lataria: pim, pim, pim", diz um deles.
Os PMs do Bope esperaram quatro anos para vingar, como gostariam, a morte de um colega no local. "O FB disse que não deixaria o morro, que resistiria. Quando viram nossa força, com os blindados, não tiveram jeito senão fugir", afirma um PM.
A ocupação selou uma parceria que os homens da Marinha comemoram. "Juntaram os dois Bopes", dizia um soldado. "Até os símbolos são iguais, de caveiras."
A comemoração dos fuzileiros navais era, segundo eles, pelo reconhecimento que já mereciam. "Sempre que veem a nossa farda verde, pensam que é o Exército. É a Marinha", diz um deles.


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