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Falta de espaço adequado adia
o início de feira na Roosevelt
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
A praça Roosevelt (região central
de São Paulo), que deveria ter começado ontem a abrigar a feira de
artesanato da praça da República,
continua em más condições de estrutura e higiene. Os artesãos se recusam a expor no local.
A praça contém uma laje -planejada para abrigar cerca de 300
barracas- cujo piso é irregular,
causando a formação de verdadeiras "piscinas" de água empoçada
em dias de chuva.
Rachaduras no solo da laje causam goteiras na parte inferior, que
deve comportar outras 300 barracas. O escoamento da água está
prejudicado pela obstrução de
parte da tubulação.
Na manhã de ontem, ainda havia
mendigos dormindo no espaço
que deveria ser ocupado pelos expositores.
Os artesãos estiveram na praça
durante várias horas, mas não levaram seus equipamentos de trabalho. Alguns se recusaram a sortear os locais demarcados para se
instalar. "Se participarmos do
sorteio, estaremos assinando embaixo da decisão da prefeitura",
disse Flávio de Carvalho, diretor
da comissão de expositores.
Durante o dia de ontem, funcionários da prefeitura trabalhavam
para limpar o local e construir calhas para o escoamento da água.
Segundo o diretor da Administração Regional da Sé, João Bento
dos Santos, todos os reparos estão
sendo realizados. "Esse é um serviço lento, mas pretendemos sanar
os problemas o quanto antes para
que os expositores se acomodem
bem no local."
A coordenadora de feiras de artesanato da Secretaria Municipal do
Abastecimento, Eliana Sales Romero, afirmou ontem que, na situação atual da praça, "realmente
não há condições de trabalho".
Baixo movimento
Para os artesãos, existem outros
problemas que envolvem a transferência para a praça Roosevelt.
"Vamos morrer de fome porque
aqui não passa nem metade das
pessoas que andam pela República", reclamou o artista plástico
Decio Tomanini, 60. A ausência de
uma estação de metrô nas proximidades da praça é um dos fatores
que não favorece o acesso de pedestres ao local.
Outra queixa dos artesãos é a limitação do espaço. A praça comporta cerca de 600 barracas -metade do número de cadastrados
que trabalhavam na República.
A artista plástica Iracema Vilas
Boas, 62, se assustou ao conferir o
espaço que havia acabado de sortear -com cerca de 1 metro de largura. "Caberá apenas um dos
meus quadros", disse.
Segundo Eliana Sales Romero, a
quadra esportiva -que comportaria entre 200 e 300 barracas-
poderá ser usada pelos artesãos.
A vereadora Aldaíza Sposati (PT)
enviou ontem à Secretaria das Administrações Regionais e ao Corpo
de Bombeiros um pedido para que
façam vistoria na praça e emitam
laudo sobre as condições estruturais para a realização da feira.
A comissão de artesãos terá um
encontro hoje com o secretário das
Administrações Regionais, Alfredo Mário Savelli, para tentar uma
negociação. A reportagem não
conseguiu localizar o secretário.
Amanhã e domingo, os expositores farão protesto pacífico na
República, vestidos de preto.
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