São Paulo, sexta, 28 de novembro de 1997.



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Falta de espaço adequado adia o início de feira na Roosevelt

PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local

A praça Roosevelt (região central de São Paulo), que deveria ter começado ontem a abrigar a feira de artesanato da praça da República, continua em más condições de estrutura e higiene. Os artesãos se recusam a expor no local.
A praça contém uma laje -planejada para abrigar cerca de 300 barracas- cujo piso é irregular, causando a formação de verdadeiras "piscinas" de água empoçada em dias de chuva.
Rachaduras no solo da laje causam goteiras na parte inferior, que deve comportar outras 300 barracas. O escoamento da água está prejudicado pela obstrução de parte da tubulação.
Na manhã de ontem, ainda havia mendigos dormindo no espaço que deveria ser ocupado pelos expositores.
Os artesãos estiveram na praça durante várias horas, mas não levaram seus equipamentos de trabalho. Alguns se recusaram a sortear os locais demarcados para se instalar. "Se participarmos do sorteio, estaremos assinando embaixo da decisão da prefeitura", disse Flávio de Carvalho, diretor da comissão de expositores.
Durante o dia de ontem, funcionários da prefeitura trabalhavam para limpar o local e construir calhas para o escoamento da água.
Segundo o diretor da Administração Regional da Sé, João Bento dos Santos, todos os reparos estão sendo realizados. "Esse é um serviço lento, mas pretendemos sanar os problemas o quanto antes para que os expositores se acomodem bem no local."
A coordenadora de feiras de artesanato da Secretaria Municipal do Abastecimento, Eliana Sales Romero, afirmou ontem que, na situação atual da praça, "realmente não há condições de trabalho".
Baixo movimento
Para os artesãos, existem outros problemas que envolvem a transferência para a praça Roosevelt.
"Vamos morrer de fome porque aqui não passa nem metade das pessoas que andam pela República", reclamou o artista plástico Decio Tomanini, 60. A ausência de uma estação de metrô nas proximidades da praça é um dos fatores que não favorece o acesso de pedestres ao local.
Outra queixa dos artesãos é a limitação do espaço. A praça comporta cerca de 600 barracas -metade do número de cadastrados que trabalhavam na República.
A artista plástica Iracema Vilas Boas, 62, se assustou ao conferir o espaço que havia acabado de sortear -com cerca de 1 metro de largura. "Caberá apenas um dos meus quadros", disse.
Segundo Eliana Sales Romero, a quadra esportiva -que comportaria entre 200 e 300 barracas- poderá ser usada pelos artesãos.
A vereadora Aldaíza Sposati (PT) enviou ontem à Secretaria das Administrações Regionais e ao Corpo de Bombeiros um pedido para que façam vistoria na praça e emitam laudo sobre as condições estruturais para a realização da feira.
A comissão de artesãos terá um encontro hoje com o secretário das Administrações Regionais, Alfredo Mário Savelli, para tentar uma negociação. A reportagem não conseguiu localizar o secretário.
Amanhã e domingo, os expositores farão protesto pacífico na República, vestidos de preto.



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