São Paulo, sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

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HC só deve voltar ao normal em 30 dias

Estimativa de normalização mudou após visita do Conselho Regional de Medicina; ontem, 340 pessoas enfrentaram filas

Sem dispor de condições de atendimento, unidade de diálise transferiu 78 dos seus 82 pacientes para outros serviços públicos

DA REPORTAGEM LOCAL

A direção do Hospital das Clínicas admitiu ontem que o atendimento na unidade só voltará a funcionar normalmente em 30 dias, e não mais no próximo dia 2, como havia sido previsto anteontem. A informação foi confirmada após um grupo do Cremesp (Conselho Regional de Medicina), do sindicato dos médicos e do Ministério Público visitar o local.
A superintendência do HC não informou o motivo da prorrogação do prazo, mas médicos do hospital dizem que a situação no local está muito pior do que se imaginou inicialmente.
Ontem, três dias após o incêndio, ao menos 340 pessoas enfrentaram filas para remarcar consultas e pegar remédios na farmácia. Ainda havia fuligem e forte cheiro de fumaça no Prédio dos Ambulatórios (PAM) e do Instituto Central.
Metade do prédio seguia sem energia elétrica. Embora o incêndio tenha ficado restrito à subestação de energia no subsolo, a fuligem e a fumaça se espalharam pela tubulação de ar.
Mais de 400 funcionários trabalharam ontem na limpeza e na realização de um inventário das perdas causadas pelo incêndio. Segundo dois deles, que não quiseram se identificar, os prejuízos são incalculáveis.
A Folha apurou que os medicamentos que ficavam sob refrigeração na farmácia central, localizada no oitavo andar do edifício, estão comprometidos pela falta de energia. Entre eles, estão remédios de alto custo, como o botox (para tratar paralisia muscular) e o octeotrida (tratamento de doença da hipófise), cujo estoque é avaliado em R$ 1 milhão.
São drogas compradas pela Secretaria do Estado e que ficam armazenadas no HC até serem ministradas aos pacientes do hospital e de outras unidades estaduais.
Todos os equipamentos (respiradores, monitores e bisturis elétricos) das 33 salas de cirurgias do hospital também ficaram cobertos de fuligem e precisarão passar por limpeza e manutenção antes do uso.
A superintendência do HC informou, por meio da assessoria de imprensa, que está fazendo a limpeza dos equipamentos e, se houver algum aparelho danificado, "será trocado ou recuperado imediatamente". Sobre os remédios, nega que tenha havido prejuízos.
A partir do dia 2, consultas já marcadas ou reagendadas -calculadas em 3.500-serão feitas em parte do Prédio dos Ambulatórios. A superintendência do HC estuda criar três turnos de atendimento.
"Os atendimentos devem ir até as 22h", disse o promotor Reynaldo Mapelli Júnior, do Grupo de Atuação Especial da Saúde Pública e da Saúde do Consumidor. Somente hoje deve haver a definição de como os pacientes serão atendidos.
Novas consultas e procedimentos estão suspensos até pelo menos o próximo dia 15. Durante esse período, as pessoas que ligarem para a central de atendimento da Secretaria da Saúde serão direcionadas a outros hospitais estaduais.
Na segunda quinzena de janeiro, a previsão é que o hospital opere com 50% de sua capacidade normal.
Ontem, a unidade de diálise transferiu 78 dos seus 82 pacientes portadores de insuficiência renal para outros serviços da capital porque não havia condições de atendimento no HC. Os casos graves permanecem no Instituto Central. (CLÁUDIA COLLUCCI E ROGÉRIO PAGNAN)


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