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Borges de Barros, grande voz do humor
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Meu caro colega", eram
dele o humor e a voz do mendigo da praça, que ecoavam
Brasil afora todo sábado na
televisão. Ou por isso será
lembrado Fileto Borges de
Barros, locutor, dublador,
sonhador e humorista.
E olha que ele fora um "coroinha" de Corumbá (MS)
que veio para São Paulo estudar em em um liceu, nos anos
1930. Lá sua voz se destacou
no rádio e ele acabou indicado para algums gravações.
Um belo dia chegou em casa com o primeiro salário.
"Na nossa família ninguém
ganha sem trabalhar", disse a
mãe, ao ver a quantia. Ela se
acostumaria -se não com a
fortuna, que nunca veio, ao
menos com o sucesso.
Já no início dos anos 1940
Barros foi locutor de radionovelas e dublou filmes. Era
dele o grito do "Tarzan" brasileiro, do Moe, de "Os Três
Patetas", do Pingüim da versão antiga de "Batman". Foi
até reconhecido por Jonathan Harris como seu melhor dublador de Dr. Smith
em "Perdidos no Espaço".
Mas além da voz, também
o humor foi logo percebido,
ao atuar com Dercy Golçalves e Grande Othelo em "Se
meu dólar falasse". Convidado por Manoel da Nóbrega,
foi fazer na "Praça da Alegria" o mendigo milionário,
que o deixaria famoso pelo
bordão "Meu caro colega"
-o mesmo que levaria para
"A Praça É Nossa", de Carlos
da Nóbrega, anos a fio.
Mas nos últimos tempos a
visão piorou e ele estava
doente -já havia até perdido
a conta das mil vozes que deixara gravadas em 60 anos de
carreira. Morreu no dia 12 de
parada cardíaca em uma sessão de hemodiálise, aos 84,
em São Paulo. Tinha dois filhos e três netos.
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