São Paulo, sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

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Borges de Barros, grande voz do humor

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Meu caro colega", eram dele o humor e a voz do mendigo da praça, que ecoavam Brasil afora todo sábado na televisão. Ou por isso será lembrado Fileto Borges de Barros, locutor, dublador, sonhador e humorista.
E olha que ele fora um "coroinha" de Corumbá (MS) que veio para São Paulo estudar em em um liceu, nos anos 1930. Lá sua voz se destacou no rádio e ele acabou indicado para algums gravações.
Um belo dia chegou em casa com o primeiro salário. "Na nossa família ninguém ganha sem trabalhar", disse a mãe, ao ver a quantia. Ela se acostumaria -se não com a fortuna, que nunca veio, ao menos com o sucesso.
Já no início dos anos 1940 Barros foi locutor de radionovelas e dublou filmes. Era dele o grito do "Tarzan" brasileiro, do Moe, de "Os Três Patetas", do Pingüim da versão antiga de "Batman". Foi até reconhecido por Jonathan Harris como seu melhor dublador de Dr. Smith em "Perdidos no Espaço".
Mas além da voz, também o humor foi logo percebido, ao atuar com Dercy Golçalves e Grande Othelo em "Se meu dólar falasse". Convidado por Manoel da Nóbrega, foi fazer na "Praça da Alegria" o mendigo milionário, que o deixaria famoso pelo bordão "Meu caro colega" -o mesmo que levaria para "A Praça É Nossa", de Carlos da Nóbrega, anos a fio.
Mas nos últimos tempos a visão piorou e ele estava doente -já havia até perdido a conta das mil vozes que deixara gravadas em 60 anos de carreira. Morreu no dia 12 de parada cardíaca em uma sessão de hemodiálise, aos 84, em São Paulo. Tinha dois filhos e três netos.


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