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Jovem morto por tigresa nos EUA era filho de brasileira
"Vida dele foi curta, mas alegre", diz Marilza Sousa, que mora em São Francisco
Carlos Sousa Junior, 17, era estudante do ensino médio e sonhava ser DJ; em um
site de relacionamentos, ele dizia ser brasileiro
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
"Eu sou brasileiro, não é,
mãe? Olha a minha cor. Isso
não é cor de americano", costumava dizer Carlos Sousa Junior, morto aos 17 anos no dia
de Natal por uma tigresa de 136
quilos no Zoológico de São
Francisco, na Califórnia.
Marilza Ferreira Sousa, 46,
brasileira de Piabetá (distrito
de Magé, RJ), respondia a todos
"orgulhosamente que sim, que
ele era bem brasileiro, bem alegre e um excelente filho".
Carlos -nascido em São José, Califórnia, filho de Marilza e
de pai português, casal divorciado há três anos- passeava
com amigos pelo zoológico
quando a tigresa conseguiu escapar de uma cova com 4,2 m
de profundidade -protegida
por um fosso de 7,5 m de distância da grade dos visitantes.
A polícia diz suspeitar que o
animal tenha tido a ajuda de alguém para escapar e também
que o grupo de amigos tenha
provocado a fera.
Mordida
Segundo testemunhas, a primeira mordida, que foi no pescoço, matou o jovem na hora.
"Eu e o pai dele fomos fazer
ontem o reconhecimento do
corpo. O rosto estava muito
desfigurado, mas deu para ver
que era ele. Foi um momento
tão difícil! Vai ficar gravado para sempre na vida da gente", diz
a mãe, que espera a liberação
do corpo na segunda ou na terça para poder enterrar o filho.
"Nosso Ano Novo vai ser terrível", afirma. Marilza viu o filho na véspera de Natal. O garoto havia passado a ceia na casa
do pai.
Marilza chegou aos Estados
Unidos há duas décadas, com o
filho Leonardo, que hoje tem 21
anos. "Deixei a minha filha
Beatris [hoje com 28 anos] no
Rio de Janeiro, e depois de dois
anos ela veio. Chegamos aqui
com visto de turista, mas depois resolvi a papelada", afirmou a mãe de Carlos.
Ela trabalha em uma fábrica
de componentes de computadores, analisando no microscópio a qualidade de micropeças.
DJ
Calos Sousa Junior era estudante do ensino médio e sonhava ser DJ. "Ele adorava música,
adorava rap", conta a mãe.
"A vida dele foi curta, mas foi
alegre. Ele era carinhoso. Eu é
que o arrumava todo dia para ir
para a escola, e fazia o rabinho
no cabelo dele, que ele não sabia fazer. Ele falava: não tem
comida melhor que a da minha
mãe! Comia arroz, feijão preto,
ovo frito, comidinha brasileira
bem simples."
Carlos só foi ao Brasil uma
vez, quando era criança. Em
sua página no site de relacionamentos MySpace (espécie de
Orkut, com mais recursos), ele
escreveu seu perfil ao lado de
uma bandeira brasileira: "Hey,
e aí? Meu nome é Carlos. Eu
sou português e brasileiro. Eu
amo a minha vida, mas ela vai
melhorar".
Orgulho
"Ele era muito orgulhoso do
Brasil e da seleção brasileira de
futebol", diz o irmão Leonardo,
que criou uma página em homenagem ao jovem no MySpace. O link é www.myspace.
com/inmemoryofcarlos
sousa. Segundo ele, a família
não tem dinheiro para pagar as
despesas do funeral.
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