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Gestão Kassab exclui 59% da frota da inspeção veicular
Prefeitura vai fiscalizar a partir de fevereiro apenas veículos fabricados desde 2003
Com a medida, dos 6,3 milhões de veículos da cidade apenas 2,6 milhões ficarão obrigados a regular as emissões de poluentes
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
A gestão Gilberto Kassab
(DEM) recuou e decidiu adiar
para 2010 o início da inspeção
veicular para os carros movidos
a gasolina, álcool e gás fabricados antes de 2003. Eles representam 59% da frota, são justamente os que usam tecnologias
mais antigas e, por isso, tendem
a emitir mais poluentes.
A medida reduz para 2,6 milhões (41% da frota de 6,3 milhões da capital) a quantidade
de veículos que ficará obrigada
a regular as emissões de poluentes a partir de fevereiro
-antes, a regra valeria para todos. A inspeção fica mantida
para a frota de motos (cerca de
770 mil) e de veículos a diesel
(cerca de 317 mil), independentemente do ano de fabricação.
Na cidade, a poluição do ar
-cuja maior parte é causada
pelos veículos -mata de 12 a 14
pessoas por dia (cerca de 4.700
por ano), segundo estimativa
"conservadora" do coordenador do Laboratório de Poluição
do Ar da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva.
Mas segundo o secretário
Eduardo Jorge (Verde e Meio
Ambiente), a decisão se deveu
ao alto custo do investimento
para construir os 33 centros de
inspeção previstos, que poderia
não ser compensado caso a
adesão se mantenha tão baixa
quanto a que vem sendo registrada desde maio para a frota a
diesel -o prazo já expirou para
cerca de 60% dela, mas só 38
mil (13%) apareceram.
Outro motivo do adiamento,
diz o secretário, foi a dificuldade para encontrar terrenos livres na cidade para construir os
centros -só 16 dos 33 ficarão
prontos em 2009. A empresa
Controlar não sofrerá qualquer
punição da prefeitura.
"Iniciar a inspeção sem todos
os centros prontos poderia significar um transtorno para o
motorista e arriscaria a credibilidade do programa", diz Jorge.
Para o secretário, a tendência
é que a adesão cresça em 2010,
já que os veículos que não passarem pela inspeção ficarão impedidos de fazer a renovação do
licenciamento junto ao Detran.
"É um programa novo, é preciso ter paciência com os motoristas", diz o secretário.
Em ano de contenção de despesas, conforme afirmou ontem o prefeito Gilberto Kassab
em entrevista à Folha, a prefeitura, que paga os R$ 52,73 que
custam cada inspeção, irá gastar, no máximo, R$ 136,4 milhões em 2009 -menos da metade dos R$ 317 milhões que
gastaria com toda a frota.
"As pessoas não acreditam
que a poluição do ar faz mal. O
ideal seria que a inspeção começasse em 2009 para todos os
veículos. Mas a discussão sempre se resume a dinheiro e visibilidade política", diz Saldiva.
Irregulares
Segundo o secretário Eduardo Jorge, a opção por privilegiar a inspeção dos veículos fabricados a partir de 2003 levou
em conta uma estimativa de
20% a 30% de carros antigos
que estão irregulares junto ao
Detran (Departamento Estadual de Trânsito). Entretanto,
descontando a estimativa de
veículos antigos irregulares, o
número é quase igual à frota
desde 2003: 2,6 milhões.
"Mas eles não vão ficar totalmente de fora. Vão ser submetidos a sensoreamento remoto
[medição enquanto estão circulando] e os mais poluentes
irão ser convocados para inspeção", observa Jorge.
A inspeção para os carros começa em fevereiro. Veículos
movidos a gasolina, álcool e gás
e motos devem ser submetidos
à medida nos 90 dias anteriores
à data de limite de licenciamento junto ao Detran. Se perder o
prazo, o motorista fica sujeito a
multa diária de R$ 550 e o registro do veículo fica bloqueado. O valor máximo da punição,
porém, só pode chegar a R$
2.200 por mês, já que a prefeitura fixou limite mensal de
quatro multas por veículo.
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