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Meninas superam meninos no Saresp e na sala de aula
Trabalho dos pesquisadores da USP mostra que desempenho das alunas é superior em todas as séries escolares avaliadas
Uma das hipóteses para o resultado é o fato de a maioria das escolas ter muito mais professoras
do que professores
DA SUCURSAL DO RIO
Diferenças de gênero e de cor
são bastante estudadas em países com instrumentos mais
avançados de avaliação do ensino. Várias nações detectaram
que as meninas avançam mais,
deixando os meninos para trás
até em áreas em que eles costumavam se sair melhor, como
matemática e ciências.
No caso do Saresp, o trabalho
dos pesquisadores da USP Ricardo Madeira, Marcos Rangel e
Fernando Botelho mostra que
as meninas superam os meninos
em todas as séries, até em matemática. Em sala de aula, a distância a favor delas aumenta.
O pesquisador Luigi Guiso, do
Instituto Universitário Europeu, em estudo que comparou
meninos e meninas no Pisa
(exame internacional que avalia
o desempenho de jovens em testes de matemática, leitura e
ciências), concluiu que, em países com níveis mais altos de
igualdade de gênero (Suécia, Noruega e Islândia), há pouca diferença em matemática, mas a
vantagem feminina nas provas
de leitura é cada vez maior.
Se a explicação principal não é
biológica, ganha força a hipótese
cultural. O ambiente escolar em
quase todos os países é mais feminino, especialmente nos anos
iniciais, onde o percentual de
mulheres no magistério supera
80% em várias nações. "O mundo da escola é feminino, e a menina é vista como mais dedicada", diz o secretário da Educação
de SP, Paulo Renato Souza.
A diferença no desempenho
associada à cor é tema ainda
mais sensível. O economista Roland Fryer Jr., da Universidade
Harvard, fez um estudo que conclui que aspectos culturais podem explicar a diferença entre
negros e brancos nos EUA mesmo depois de controladas características socioeconômicas. Ele
concluiu que negros que se destacam nos estudos estão mais
propensos a ser discriminados
por colegas de mesma cor por
estarem "agindo como brancos".
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