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São Paulo, quarta-feira, 29 de janeiro de 2003

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SAÚDE

Polícia encontrou amianto e óleo combustível contaminado em área que estava em processo de compra pela prefeitura

Terreno no Rio tem material cancerígeno

TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Policiais da DPMA (Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente) do Rio descobriram ontem 60 mil toneladas de amianto e óleo combustível contaminado em um terreno de 300 mil m2 em Senador Camará (zona oeste). Segundo a polícia, o material encontrado é tóxico e cancerígeno.
O terreno pertence ao grupo francês Saint-Gobain. Na área, em Senador Camará, a Eterbras Tec Industrial fabricava telhas e caixas d'água de amianto. A fábrica foi fechada em 1992. Além de dona do terreno, a Saint-Gobain é acionista da Eterbras, mas nega as irregularidades e afirma que isolou o produto, impedindo futuras contaminações.
Segundo o delegado Marcos Castro, a área é de fácil acesso a crianças e está contaminada. "O amianto estava num depósito aterrado, mas o óleo estava na superfície. Como o terreno está abandonado há muitos anos, as crianças entravam para pegar pipa ou brincar", disse o delegado.

Inquérito
Peritos criminalistas recolheram amostras do material, na semana passada. O resultado foi positivo para contaminação. De acordo com o delegado, que abriu inquérito sobre o caso ontem, a empresa não possuía licença para manter o amianto e o óleo combustível no terreno.
A Feema (Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente) enviou técnicos ao local e notificou a empresa para que remova o material oleoso em até 15 dias e retire em até 30 dias amostras do solo e da água oleosa na presença de peritos criminalistas.
No terreno, que estava em processo de compra pela Prefeitura do Rio, será construída uma área de lazer.
A Eterbras afirma que, da produção da fábrica, restou "um índice pequeno, entre 2% e 3% de fibras de amianto". Por causa dessa sobra, a empresa resolveu "limpar o terreno". Segundo a Eterbras, a empresa ERM Alpha foi contratada "para desenvolver um projeto e implantá-lo", o que foi "aprovado pela Feema em maio de 2001".
"A solução técnica foi o confinamento enterrado de todos os resíduos em uma área que representa 21% do terreno, isolando-se o subsolo e fazendo-se uma cobertura com terra e grama", segundo nota da Eterbras.
De acordo com a nota, a Feema recebeu, em março de 2002, o relatório sobre o final dos trabalhos.
A Fundação informou que está à procura do relatório e que notificou ontem a empresa, depois de ter constatado as irregularidades no terreno.


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