São Paulo, sábado, 29 de janeiro de 2011

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Lojistas ampliam pressão contra Nova Luz

Manifestantes protestam contra desapropriações no centro em audiência pública e são repreendidos com cassetetes

Houve confronto entre parte do grupo de 1.600 manifestantes ante a polícia e a GCM em salão do Anhembi

EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
MARIANA DESIDÉRIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os comerciantes da região da Santa Ifigênia resolveram radicalizar contra o projeto da gestão Gilberto Kassab (DEM) que prevê desapropriação de parte da área conhecida como cracolândia, no centro da cidade.
Levaram cerca de 1.600 manifestantes, a maioria seus funcionários, para a primeira audiência pública realizada pela prefeitura sobre o projeto Nova Luz.
Uma funcionária de uma loja, que não quis se identificar, contou que seu patrão pediu que todos os funcionários fossem à passeata.
"Ele não pagou nada, mas disse que iria descontar o dia de quem não viesse", afirmou. Chegando ao Anhembi, a funcionária foi embora.
"Moro longe e tenho dois filhos. Já fiz a minha parte." Na tentativa de suspender a audiência, os manifestantes gritavam e jogavam pilhas e bolinhas de papel nos organizadores do evento, sentados no palco do Palácio das Convenções, no Anhembi, zona norte de São Paulo.
Houve tumulto. Homens da GCM (Guarda Civil Metropolitana) repreenderam alguns deles com cassetetes.
Na primeira tentativa de realizar a audiência, no dia 14, o encontro foi suspenso por falta de segurança -o local tinha capacidade para 300 pessoas, porém cerca de 600 compareceram.
A prefeitura, então, arranjou um lugar maior, e os comerciantes tentaram levar ainda mais gente para cancelar o encontro.
A audiência começou por volta das 18h. Às 18h20, um homem tentou subir no palco e foi puxado pelas pernas por um policial. Houve empurra-empurra.
O secretário de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, que presidia a audiência, saiu do palco às pressas, junto com representes da prefeitura e do consórcio formado por Concremat, Cia City, Aecom e FGV (Fundação Getulio Vargas).
No meio da confusão, um grupo saiu correndo com um projetor de telão, e a polícia não conseguiu recuperá-lo.
Cerca de 15 homens da Tropa de Choque da Polícia Militar estavam a postos em sala próxima ao palco, mas não entraram em ação.
Oficialmente, o Comando Geral da Polícia Militar disse que não houve confronto e que "apenas algumas bolinhas da papel foram arremessadas contra o palco".
A Secretaria Municipal de Segurança Urbana, responsável pela GCM, disse que conteve um manifestante e não houve confronto. A audiência terminou às 20h15.
Só três dos manifestantes quiseram falar ao microfone. Bucalem disse que "a oportunidade foi dada". "A audiência poderia ter sido usada para nos dar mais subsídios para o desenvolvimento do projeto."
Para a implantação do projeto haverá mais três audiências, duas obrigatórias por lei -a de ontem não era.

Colaborou ANDRÉ CARAMANTE


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