São Paulo, domingo, 29 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Segundo a Cetesb, o resultado está associado às condições climáticas, e não à redução da produção do poluente

Casos de ozônio alto diminuíram em 2003

DA REPORTAGEM LOCAL

Se, no inverno de 2003, as concentrações de ozônio na Grande São Paulo aumentaram, no resto do ano, o número de registros de ultrapassagem do padrão e do estado de atenção para o poluente foram os únicos que ficaram abaixo dos verificados em 2002.
Somando os índices inadequados e ruins, houve 284 registros para O3 no ano passado, contra 335 em 2002, 285 em 2001, 253 em 2000 e 294 em todo o ano de 1999. Em 2003, o padrão para ozônio foi excedido em 68 dias, no ano anterior, o poluente tinha ultrapassado o limite do aceitável em 82 dias -maior número desde 1999.
Os dados foram reunidos pela Folha a partir dos boletins diários de qualidade do ar da Cetesb.
Reduzir os níveis de ozônio na atmosfera (não confundir com o da camada de ozônio) é hoje o principal desafio em termos de poluição do ar em todo o mundo.
Ele é produzido pela reação de hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio na presença de luz solar. Causa irritação nos olhos e vias respiratórias e danos à vegetação; exposição a altas concentrações pode resultar em sensação de aperto no peito, tosse e chiado ao respirar. O O3 também é associado a mais admissões hospitalares.
A diminuição da sua concentração poderia, portanto, ser vista como uma boa notícia, mas reflete exatamente como a poluição atmosférica na maior região metropolitana do país está ao sabor dos ventos, das chuvas e da ocorrência ou não de dias ensolarados.
É o próprio Jesuíno Romano, da Cetesb, que diz: a melhora é circunstancial, não produto de uma redução efetiva na emissão dos precursores do O3, que saem principalmente dos escapamentos dos veículos, mas também de fábricas e da evaporação do combustível em postos de gasolina.
"O ano de 2003 foi melhor em termos de ozônio porque teve principalmente uma primavera com bastante nebulosidade e menos insolação", diz Ricardo Anazia, meteorologista da Cetesb.

Controle
A Cetesb aposta na mudança da fórmula da gasolina e no reforço da fiscalização das indústrias para controlar os precursores do O3.
A primeira alternativa, adotada nos EUA, já tem proposta em análise na ANP (Agência Nacional do Petróleo), mas Romano admite que não deve sair tão cedo nem tão fácil por causa dos custos.
Em relação às indústrias, ele diz haver uma falsa impressão de que a questão está bem resolvida, mas que é preciso atacar as emissões de hidrocarbonetos voláteis. Só não se sabe ainda como.
Segundo Maria de Fátima Andrade, do IAG/USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas), para reduzir o O3, é preciso diminuir as emissões de hidrocarbonetos (uma série de compostos orgânicos) e dos óxidos de nitrogênio de forma simultânea, mas numa certa proporção que ainda não é conhecida. Chegar a ela é o objetivo da próxima pesquisa a ser desenvolvida por Andrade em conjunto com pesquisadores do Instituto de Química da USP. (MARIANA VIVEIROS)


Texto Anterior: Inspeção veicular deve sair em 2005
Próximo Texto: Mortes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.