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Segundo a Cetesb, o resultado está associado às condições climáticas, e não à redução da produção do poluente
Casos de ozônio alto diminuíram em 2003
DA REPORTAGEM LOCAL
Se, no inverno de 2003, as concentrações de ozônio na Grande
São Paulo aumentaram, no resto
do ano, o número de registros de
ultrapassagem do padrão e do estado de atenção para o poluente
foram os únicos que ficaram abaixo dos verificados em 2002.
Somando os índices inadequados e ruins, houve 284 registros
para O3 no ano passado, contra
335 em 2002, 285 em 2001, 253 em
2000 e 294 em todo o ano de 1999.
Em 2003, o padrão para ozônio foi
excedido em 68 dias, no ano anterior, o poluente tinha ultrapassado o limite do aceitável em 82 dias
-maior número desde 1999.
Os dados foram reunidos pela
Folha a partir dos boletins diários
de qualidade do ar da Cetesb.
Reduzir os níveis de ozônio na
atmosfera (não confundir com o
da camada de ozônio) é hoje o
principal desafio em termos de
poluição do ar em todo o mundo.
Ele é produzido pela reação de
hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio na presença de luz solar.
Causa irritação nos olhos e vias
respiratórias e danos à vegetação;
exposição a altas concentrações
pode resultar em sensação de
aperto no peito, tosse e chiado ao
respirar. O O3 também é associado a mais admissões hospitalares.
A diminuição da sua concentração poderia, portanto, ser vista
como uma boa notícia, mas reflete exatamente como a poluição atmosférica na maior região metropolitana do país está ao sabor dos
ventos, das chuvas e da ocorrência ou não de dias ensolarados.
É o próprio Jesuíno Romano, da
Cetesb, que diz: a melhora é circunstancial, não produto de uma
redução efetiva na emissão dos
precursores do O3, que saem principalmente dos escapamentos
dos veículos, mas também de fábricas e da evaporação do combustível em postos de gasolina.
"O ano de 2003 foi melhor em
termos de ozônio porque teve
principalmente uma primavera
com bastante nebulosidade e menos insolação", diz Ricardo Anazia, meteorologista da Cetesb.
Controle
A Cetesb aposta na mudança da
fórmula da gasolina e no reforço
da fiscalização das indústrias para
controlar os precursores do O3.
A primeira alternativa, adotada
nos EUA, já tem proposta em análise na ANP (Agência Nacional do
Petróleo), mas Romano admite
que não deve sair tão cedo nem
tão fácil por causa dos custos.
Em relação às indústrias, ele diz
haver uma falsa impressão de que
a questão está bem resolvida, mas
que é preciso atacar as emissões
de hidrocarbonetos voláteis. Só
não se sabe ainda como.
Segundo Maria de Fátima Andrade, do IAG/USP (Instituto de
Astronomia, Geofísica e Ciências
Atmosféricas), para reduzir o O3,
é preciso diminuir as emissões de
hidrocarbonetos (uma série de
compostos orgânicos) e dos óxidos de nitrogênio de forma simultânea, mas numa certa proporção
que ainda não é conhecida. Chegar a ela é o objetivo da próxima
pesquisa a ser desenvolvida por
Andrade em conjunto com pesquisadores do Instituto de Química da USP.
(MARIANA VIVEIROS)
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