Em bairro da zona leste, foram achadas, segundo a polícia, 7,5 toneladas do produto com data de validade adulterada

Frangos eram comprados já vencidos, colocados em embalagens falsificadas e ganhavam proteína de soja para disfarçar gosto ruim

KARIN BLIKSTAD
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Policiais descobriram ontem, na Vila Rica, zona leste de São Paulo, uma empresa que adulterava a data de validade de frangos vencidos para serem revendidos -segundo a polícia, foram encontradas 7,5 toneladas do produto, mas a estimativa é que o local movimentasse cem toneladas por semana.
Segundo o delegado Jorge Carlos Carrasco, os frangos eram comprados já vencidos e retirados das embalagens originais. Depois passavam por uma espécie de "maquiagem": eram envoltos em proteína de soja -que poderia servir para disfarçar o gosto ruim da carne- e depois lavados com água e sal.
Ainda segundo o delegado, água era injetada nos frangos para elevar o peso -depois, eram colocados em embalagens falsas. De acordo com a polícia, no local havia frango que não estava congelado.
O gerente do estabelecimento foi preso em flagrante e será autuado por crime contra a saúde pública e falsificação e adulteração de produtos alimentícios, além de crime contra as relações de consumo, pois a empresa não recolhe tributos. Os donos ainda serão identificados e deverão ser autuados pelos mesmos crimes.
A polícia ainda investiga há quanto tempo essa prática acontece, quem vendia e quem comprava os frangos vencidos.
Segundo Paulo Olzon Monteiro, médico e professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), os efeitos do consumo de frango vencido variam de acordo com o tempo que a validade foi ultrapassada, mas o produto não deve oferecer risco de morte. Para ele, se a carne foi descongelada em algum momento, o risco de infecção digestiva cresce, pois o aumento de temperatura propicia a proliferação de bactérias.


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