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Mulher vai para UTI após bronzeamento
A estudante Andréa Santos Lindner, de 34 anos, foi internada com mais de 90% do corpo queimado e está em coma induzido
A Sociedade Brasileira de Dermatologia desaconselha o bronzeamento artificial para fins estéticos devido
ao risco de câncer de pele
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
A estudante Andréa Santos
Lindner, de 34 anos, foi internada com mais de 90% do corpo queimado após ter feito
bronzeamento artificial em
uma clínica de beleza na Barra
da Tijuca (bairro de classe média alta na zona oeste do Rio).
Andréa está há 13 dias na UTI
do hospital Quinta D'Or, em coma induzido. Ontem, a polícia
lacrou a câmara de bronzeamento do Centro de Beleza e
Estética Marli Machado.
Segundo o marido de Andréa,
Antônio Santos Gadelha, 53,
ela fez duas sessões na clínica
em menos de 24 horas (nos dias
14 e 15 de março).
A resolução 308 da Anvisa
(Agência de Vigilância Sanitária), de 14 de novembro de
2002, informa que é "expressamente proibido" ser submetido
a sessões de bronzeamento artificial em menos de 48 horas.
A clínica nega que isso tenha
ocorrido. A proprietária do estabelecimento, Marli Machado,
disse, por meio de seu advogado, Diogo Souza, ter registro da
ida de Andrea à clínica apenas
no dia 14. O marido afirma ter
comprovantes, mas ontem não
os apresentou à Folha.
Pela manhã, Marli disse à reportagem que Andrea não havia entregue à clínica a avaliação médica, documento obrigatório segundo a resolução. À
tarde, o advogado disse que ela
teria se enganado e que Andrea
mostrou a avaliação, mas não
deixou cópia na clínica.
Andrea, gaúcha de pele clara,
fazia habitualmente bronzeamento artificial há pelo menos
dez anos. Mãe de um menino
de 3 anos, ela não gosta muito
de praia, segundo seu marido.
"Ela dizia que é usual no Sul
se preparar para o verão fazendo bronzeamento. Nunca teve
problema antes", afirmou.
Segundo Gadelha, no dia 14
ela chegou em casa sentindo-se
bem. No dia seguinte, depois de
ser submetida a novo procedimento, chegou indisposta.
"Ela sentiu ardência no corpo e dormiu mal à noite. Na
sexta (15), passou muito mal.
Eu até me assustei com a aparência dela quando cheguei em
casa. Estava muito inchada,
com feridas na boca e bolhas.
Na madrugada fizemos a internação", relatou ele.
Tratamento
Quando chegou ao hospital,
Andrea sentia muitas dores,
mas conseguia conversar. Aos
poucos, a dor aumentou e as
bolhas começaram a surgir na
maior parte do corpo. No domingo, foi levada para a UTI.
Ela já foi submetida a seis curativos cirúrgicos. Sob efeito de
uma anestesia geral, ela tem a
pele do corpo raspada. Por causa da dor, é mantida em coma
induzido e, por isso, respira por
aparelhos. Seu estado é grave,
segundo a equipe médica.
A clínica tem autorização da
vigilância sanitária para funcionar como clínica estética e
venda de produtos. A vigilância,
porém, não tem registro da
existência do equipamento de
bronzeamento. Na vistoria realizada em 2006, ele não existia.
Ontem, o delegado Marcus
Cipriano interditou a câmara
de bronzeamento para perícia.
Ele determinou que a proprietária apresente nos próximos
dias toda o registro e a autorização para o uso do equipamento.
Riscos
A Sociedade Brasileira de
Dermatologia não recomenda o
bronzeamento artificial para
fins estéticos -aponta risco de
câncer de pele e envelhecimento precoce.
Segundo a Anvisa, as clínicas
são obrigadas a disponibilizar
aos clientes informações sobre
os riscos do procedimento e
cuidados necessários - pessoas com pele clara, pintas ou
histórico de câncer na família
correm risco de desenvolver
câncer da pele decorrente da
exposição à radiação.
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