São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Mulher vai para UTI após bronzeamento

A estudante Andréa Santos Lindner, de 34 anos, foi internada com mais de 90% do corpo queimado e está em coma induzido

A Sociedade Brasileira de Dermatologia desaconselha o bronzeamento artificial para fins estéticos devido ao risco de câncer de pele

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

A estudante Andréa Santos Lindner, de 34 anos, foi internada com mais de 90% do corpo queimado após ter feito bronzeamento artificial em uma clínica de beleza na Barra da Tijuca (bairro de classe média alta na zona oeste do Rio).
Andréa está há 13 dias na UTI do hospital Quinta D'Or, em coma induzido. Ontem, a polícia lacrou a câmara de bronzeamento do Centro de Beleza e Estética Marli Machado.
Segundo o marido de Andréa, Antônio Santos Gadelha, 53, ela fez duas sessões na clínica em menos de 24 horas (nos dias 14 e 15 de março).
A resolução 308 da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária), de 14 de novembro de 2002, informa que é "expressamente proibido" ser submetido a sessões de bronzeamento artificial em menos de 48 horas.
A clínica nega que isso tenha ocorrido. A proprietária do estabelecimento, Marli Machado, disse, por meio de seu advogado, Diogo Souza, ter registro da ida de Andrea à clínica apenas no dia 14. O marido afirma ter comprovantes, mas ontem não os apresentou à Folha.
Pela manhã, Marli disse à reportagem que Andrea não havia entregue à clínica a avaliação médica, documento obrigatório segundo a resolução. À tarde, o advogado disse que ela teria se enganado e que Andrea mostrou a avaliação, mas não deixou cópia na clínica.
Andrea, gaúcha de pele clara, fazia habitualmente bronzeamento artificial há pelo menos dez anos. Mãe de um menino de 3 anos, ela não gosta muito de praia, segundo seu marido.
"Ela dizia que é usual no Sul se preparar para o verão fazendo bronzeamento. Nunca teve problema antes", afirmou.
Segundo Gadelha, no dia 14 ela chegou em casa sentindo-se bem. No dia seguinte, depois de ser submetida a novo procedimento, chegou indisposta.
"Ela sentiu ardência no corpo e dormiu mal à noite. Na sexta (15), passou muito mal. Eu até me assustei com a aparência dela quando cheguei em casa. Estava muito inchada, com feridas na boca e bolhas. Na madrugada fizemos a internação", relatou ele.

Tratamento
Quando chegou ao hospital, Andrea sentia muitas dores, mas conseguia conversar. Aos poucos, a dor aumentou e as bolhas começaram a surgir na maior parte do corpo. No domingo, foi levada para a UTI.
Ela já foi submetida a seis curativos cirúrgicos. Sob efeito de uma anestesia geral, ela tem a pele do corpo raspada. Por causa da dor, é mantida em coma induzido e, por isso, respira por aparelhos. Seu estado é grave, segundo a equipe médica.
A clínica tem autorização da vigilância sanitária para funcionar como clínica estética e venda de produtos. A vigilância, porém, não tem registro da existência do equipamento de bronzeamento. Na vistoria realizada em 2006, ele não existia.
Ontem, o delegado Marcus Cipriano interditou a câmara de bronzeamento para perícia. Ele determinou que a proprietária apresente nos próximos dias toda o registro e a autorização para o uso do equipamento.

Riscos
A Sociedade Brasileira de Dermatologia não recomenda o bronzeamento artificial para fins estéticos -aponta risco de câncer de pele e envelhecimento precoce.
Segundo a Anvisa, as clínicas são obrigadas a disponibilizar aos clientes informações sobre os riscos do procedimento e cuidados necessários - pessoas com pele clara, pintas ou histórico de câncer na família correm risco de desenvolver câncer da pele decorrente da exposição à radiação.


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