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ANÁLISE
Beleza a qualquer preço
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
É CADA VEZ mais comum as mulheres não
medirem esforços para
ficarem bonitas. Mas, na busca
dessa tal beleza, elas têm colocado em risco a saúde e muitas
vezes a vida.
Neste mês, dois casos chamaram a atenção do país. Maria
Ení da Silva, 33, de Porangatu
(GO), morreu após fazer uma
escova progressiva. No Rio, Andréa Santos Lindner, 34, está
em estado gravíssimo, com
90% do corpo queimado, depois de se submeter a sessões
de bronzeamento artificial.
No ano passado, também freqüentaram o noticiário jovens
que morreram por anorexia e
outras, após lipoaspiração.
O que leva essas mulheres a
colocar a vida em risco em troca de um corpo magro, bronzeado ou de cabelos lisos e sem
volume? Um misto de desconhecimento dos perigos envolvidos em procedimentos estéticos aparentemente inofensivos
e de uma insatisfação pessoal,
dizem os especialistas.
Somam-se a isso falhas de vigilância sanitária. Sobrecarregados de atividades e com poucos técnicos, esses órgãos que
deveriam fiscalizar preventivamente salões de cabeleireiros e
clínicas de estética, por exemplo, costumam atuar apenas
após a tragédia.
E os danos não são apenas físicos. O excesso de cirurgias
plásticas, procedimentos estéticos e dietas tem escravizado
mulheres, ainda na adolescência, e o resultado tem sido pessoas frustradas com o próprio
corpo e reféns de padrões de
beleza inexistentes. E o pior:
cegas para os riscos envolvidos
em todas essas situações.
Na obra "A Ditadura da Beleza -e a revolução das mulheres" (editora Sextante), o psiquiatra Augusto Cury diz que
as pessoas consomem cada vez
mais produtos e procedimentos estéticos em busca de fagulhas artificiais de prazer.
Ele avalia que qualquer imposição de um padrão de beleza
esteriotipado para alcançar a
auto-estima diante da auto-imagem produz um desastre
inconsciente, um grave adoecimento emocional.
Se no cômputo geral a conclusão é a de que há excessos
nessa busca pela beleza a qualquer preço, não está na hora de
a sociedade se mobilizar para
freá-los?
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