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Mais importante é o simbolismo da decisão gaúcha, diz ministra
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Feministas, pesquisadores
da USP e da Unicamp, a ministra da Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres e até
a Anistia Internacional dizem
repudiar o funk "Tapinha", que,
segundo eles, "dói, sim [e humilha]". E aplaudiram a decisão
da Justiça Federal gaúcha segundo a qual a letra "banaliza a
violência contra as mulheres".
"A música é um grau de liberdade sem limites que associa
erotismo e violência contra a
mulher. Está na contramão do
debate da violência contra as
mulheres. Não pode ser defendida como uma expressão artística inocente. O que está em
discussão é a responsabilidade
cultura e social de um grupo
que exerce influência de massa", diz a feminista Jacira Melo,
diretora do Instituto Patrícia
Galvão, que desenvolve projetos sobre direitos da mulher.
Para a ministra Nilcéa Freire,
da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, "a decisão da Justiça é muito boa".
"O que é mais importante é o
simbolismo [da decisão]. A sociedade vai se acostumando a
isso. Então um tapinha não dói
nas crianças, um tapinha não
dói nas mulheres e isso se vulgariza. É banalizar a violência e
a forma de as pessoas se relacionarem", afirmou a ministra.
A socióloga Vânia Pasinato,
do Núcleo de Estudos da Violência da USP e pesquisadora
da Unicamp, diz que o funk
"Tapinha" é discriminatório e
reforça a idéia de que a violência contra as mulheres não deve ser combatida.
"A música passa essa mensagem. Tapa de amor não dói?
Dói. E muito. A música tem um
caráter discriminatório. E [a
decisão é] uma medida positiva, que deve servir de alerta para que se promova mais a igualdade e menos a violência. Não
se combate a violência só pelo
agressor. A maneira mais eficaz
é mexer na cultura e na educação", avalia Pasinato.
Em relatório, a Anistia Internacional diz que a letra "Se te
bota maluquinha / um tapinha
vou te dar / Porque / Dói, um
tapinha não dói" é "exemplo de
uma grande aceitação cultural
da submissão feminina".
"A mídia às vezes estimula a
visão de que a violência contra
a mulher é aceitável, até sexy",
diz o relatório.
Para a ministra, não houve
exagero do politicamente correto. "Um tapinha dói, sim. Humilha. Sou mulher e não gosto
de ser tratada dessa maneira."
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