São Paulo, domingo, 29 de março de 2009

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Bairro na zona sul de SP tem maior concentração de cães da cidade

Pesquisa ouviu 12 mil paulistanos e dados, que deram liderança ao Campo Belo, onde há 1,42 pessoa por cão, vão auxiliar em campanha de vacinação

WILLIAN VIEIRA
DA REVISTA DA FOLHA

No espaço entre o quintal com gramado e a varanda do sobrado na calma rua Cristóvão Pereira, quem manda é Napoleão de Riverplate. E ele vive à espera não só dos passeios sagrados, que acontecem de manhã e à tarde, mas do novo amigo: um boxer lhe fará companhia em breve.
Mas Napo, como é conhecido, está tranquilo. Sabe que é o rei do pedaço.
O labrador é o cão típico do mais canino bairro de São Paulo. Com suas casas com quintal e ruas arborizadas, dezenas de pet shops, clínicas veterinárias e moradores que (logo se vê) amam bichos, o Campo Belo, na zona sul, tem a maior proporção canina/habitante: 1,42 paulistano por cão, ou cerca de dois cachorros para cada três pessoas. É o que mostra um estudo do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da USP.
Em parceria com 120 agentes do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) da prefeitura, a pesquisa foi feita de 2006 a 2009 em 12 mil domicílios paulistanos em 96 distritos, com amostragem semelhante à do IBGE. Os dados serão usados pelo CCZ para identificar novos focos para campanhas de vacinação em toda a cidade.
Os resultados ainda não incluem números fechados de distritos como Pinheiros e Santa Cecília (onde fica Higienópolis, notório reduto canino). "Mas dados preliminares mostram que Santa Cecília, por exemplo, que é um distrito misto e muito comercial, não estará no topo. Se a mostra fosse só da avenida Higienópolis, talvez", brinca Ricardo Augusto Dias, coordenador da pesquisa e professor de epidemiologia da USP. "O Campo Belo é predominantemente residencial e homogêneo", explica ele. "é, sem dúvida, o mais canino."
Mas como explicar por que o Campo Belo é o reduto deles? "A resposta pode estar em como as pessoas enxergam seus bichos", diz Ricardo, da USP. No bairro, 97,1% dos donos têm animal porque gostam (88,3% deles, para companhia). "O Campo Belo é ideal para viver, sob a ótica do cão." Ou seja, lá tem muitas casas, ruas arborizadas e pet shops.
No Campo Belo vivem cerca de 63 mil pessoas, segundo dados do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), o que dá ao bairro a densidade de sete pessoas por km2. Perdizes, por exemplo, tem 16.
O trânsito, fora horários de pico, é tranquilo. E, apesar dos novos edifícios, segundo pesquisa do Datafolha no ano passado para o especial "DNA Paulistano", 63% dos habitantes moram em casas. Campo Belo mantém um certo clima de vila. O resultado: 85,3% dos cães vivem em casas com quintal.

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Tanto cachorro se reflete no comércio especializado. A Folha percorreu o bairro e contou 17 pet shops (muitos são clínicas ao mesmo tempo).
Seus donos afirmam: cerca de 50 animais passam diariamente por cada um deles.
E as raças mais populares, dizem eles, são labrador e golden retriever (das grandes) e shitsu, poodle, lhasa, schnauzer e maltês (entre as pequenas).
Para eles, há até serviços de creche com direito a ""dog-walker", que cobram mensalidades de R$ 400/mês e passeiam até duas vezes por dia.



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