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Bairro na zona sul de SP tem maior concentração de cães da cidade
Pesquisa ouviu 12 mil paulistanos e dados, que deram liderança ao Campo Belo, onde há 1,42 pessoa por cão, vão auxiliar em campanha de vacinação
WILLIAN VIEIRA
DA REVISTA DA FOLHA
No espaço entre o quintal
com gramado e a varanda do
sobrado na calma rua Cristóvão
Pereira, quem manda é Napoleão de Riverplate. E ele vive à
espera não só dos passeios sagrados, que acontecem de manhã e à tarde, mas do novo amigo: um boxer lhe fará companhia em breve.
Mas Napo, como é conhecido, está tranquilo. Sabe que é o
rei do pedaço.
O labrador é o cão típico do
mais canino bairro de São Paulo. Com suas casas com quintal
e ruas arborizadas, dezenas de
pet shops, clínicas veterinárias
e moradores que (logo se vê)
amam bichos, o Campo Belo,
na zona sul, tem a maior proporção canina/habitante: 1,42
paulistano por cão, ou cerca de
dois cachorros para cada três
pessoas. É o que mostra um estudo do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e
Saúde Animal da USP.
Em parceria com 120 agentes
do CCZ (Centro de Controle de
Zoonoses) da prefeitura, a pesquisa foi feita de 2006 a 2009
em 12 mil domicílios paulistanos em 96 distritos, com amostragem semelhante à do IBGE.
Os dados serão usados pelo
CCZ para identificar novos focos para campanhas de vacinação em toda a cidade.
Os resultados ainda não incluem números fechados de
distritos como Pinheiros e Santa Cecília (onde fica Higienópolis, notório reduto canino).
"Mas dados preliminares mostram que Santa Cecília, por
exemplo, que é um distrito misto e muito comercial, não estará no topo. Se a mostra fosse só
da avenida Higienópolis, talvez", brinca Ricardo Augusto
Dias, coordenador da pesquisa
e professor de epidemiologia da
USP. "O Campo Belo é predominantemente residencial e
homogêneo", explica ele. "é,
sem dúvida, o mais canino."
Mas como explicar por que o
Campo Belo é o reduto deles?
"A resposta pode estar em como as pessoas enxergam seus
bichos", diz Ricardo, da USP.
No bairro, 97,1% dos donos têm
animal porque gostam (88,3%
deles, para companhia). "O
Campo Belo é ideal para viver,
sob a ótica do cão." Ou seja, lá
tem muitas casas, ruas arborizadas e pet shops.
No Campo Belo vivem cerca
de 63 mil pessoas, segundo dados do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), o que dá ao bairro a densidade de sete pessoas por km2.
Perdizes, por exemplo, tem 16.
O trânsito, fora horários de
pico, é tranquilo. E, apesar dos
novos edifícios, segundo pesquisa do Datafolha no ano passado para o especial "DNA Paulistano", 63% dos habitantes
moram em casas. Campo Belo
mantém um certo clima de vila.
O resultado: 85,3% dos cães vivem em casas com quintal.
Mais populares
Tanto cachorro se reflete no
comércio especializado. A Folha percorreu o bairro e contou
17 pet shops (muitos são clínicas ao mesmo tempo).
Seus donos afirmam: cerca
de 50 animais passam diariamente por cada um deles.
E as raças mais populares, dizem eles, são labrador e golden
retriever (das grandes) e shitsu,
poodle, lhasa, schnauzer e maltês (entre as pequenas).
Para eles, há até serviços de
creche com direito a ""dog-walker", que cobram mensalidades
de R$ 400/mês e passeiam até
duas vezes por dia.
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