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Ministério aponta aumento de 37% nas fraturas em idosos
Envelhecimento da população, faltas de cuidados em casa e problemas nas cidades contribuem, segundo especialistas
Para o Ministério da Saúde, municípios têm que estar atentos às causas das quedas, como visão fraca, e tratá-las precocemente
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A queda de idosos é um problema de saúde pública que
cresce a cada ano no Brasil. É o
que mostram um levantamento do Ministério da Saúde, segundo o qual o número de internações de idosos na rede pública em razão de fraturas do
fêmur -causadas principalmente por quedas- cresceu
37% entre 2000 e 2007, chegando a 2.423.
O fêmur é o maior osso do
corpo humano -localizado na
coxa- e a principal vítima nas
quedas de idosos, já que muitos
têm ossos enfraquecidos em razão da osteoporose. Por isso,
especialistas apontam o envelhecimento da população como
a principal causa para mais fraturas. Dados do IBGE mostram
que a população idosa cresceu
quase 30% no período, chegando a 20 milhões em 2007.
A falta de cuidados em casa e
com a mobilidade nas cidades
também são tidas como causas.
O coordenador de Saúde do
Idoso do Ministério da Saúde,
José Luiz Telles, afirma que as
cidades têm que realizar um
bom trabalho de prevenção.
"Temos uma população cada
vez mais idosa. Sabemos que
problemas naturais da idade
contribuem para as quedas, como a perda da visão. Isso é possível identificar precocemente
e tratar", afirma. Segundo ele,
os problemas de mobilidade e
de estrutura nas cidades são
dois ingredientes a mais.
O diretor do CRI (Centro de
Referência do Idoso) de São
Miguel Paulista, Paulo Sérgio
Pelegrino, chama a atenção para o descuido que idosos e seus
familiares têm em casa.
Segundo ele, é preciso atentar a vários detalhes: deixar
uma luz acessa à noite para evitar que o idoso esbarre a caminho do banheiro, principalmente em animais, usar sapatos antiderrapantes, evitar bebidas alcoólicas, retirar móveis
da passagem, evitar deixar objetos em armários altos, não subir em cadeiras e instalar corrimãos em escadas.
No CRI, segundo ele, é muito
comum pessoas que se acidentaram em casa aparecer com
fraturas. Há também os que
caem em buracos, desníveis
etc, evidenciando as dificuldades da cidade para os idosos.
Quedas na capital
Nas ruas de São Paulo, por
exemplo, os cuidados devem
ser redobrados. O principal estudo relacionando as quedas e
as condições das ruas de São
Paulo foi feito pelo Hospital das
Clínicas, em 2004 e comprovou
o risco que é andar pela capital.
Conduzida pela médica Júlia
Greve, a pesquisa avaliou 587
casos de acidentes nas ruas
com idosos atendidos no HC e
verificou que as colisões ficaram entre as principais causas
com 122 casos, à frente até dos
atropelamentos -116.
Entre as vítimas das calçadas
paulistanas está a aposentada
Sebastiana Ramos da Silva, de
73 anos, que caiu quando ia fazer compras para a ceia de Natal. Ela conta que prendeu o pé
direito em um buraco que havia
após um degrau, o que a fez cair
e bater o queixo.
"Meu pé ficou preto. Prejudicou um pouco o Natal. Mas
continuo fazendo muita coisa a
pé porque gosto", diz ela que se
queixa das condições da calçada da rua Soldado Demival Bissiato, onde mora em São Miguel Paulista (zona leste) e onde já caiu três vezes em buracos
e desníveis diferentes.
A Secretaria da Pessoa com
Deficiência e Mobilidade Reduzida diz que a previsão para o
investimento em calçadas prevista é de R$ 30 milhões neste
ano. O órgão diz reconhecer
que há muito onde melhorar e
que pretende atuar principalmente nas "rotas estratégicas",
como foi o caso da Paulista, que
teve a calçada reformada.
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