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VIOLÊNCIA
Programa encomendado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública está em fase de treinamento de usuários
Governo aposta em software contra crime
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Lançado há quatro meses pela
UFMG (Universidade Federal de
Minas Gerais) e pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o TerraCrime, um software
de domínio público que permite
tratar o crime de forma científica,
com planejamento e prevenção,
ainda não foi implantado por Estados e municípios.
A Senasp (Secretaria Nacional
de Segurança Pública), órgão do
Ministério da Justiça que encomendou o programa, está treinando pessoas ligadas à segurança nos Estados.
Elas irão cuidar da difusão e da
ampliação do uso do geoprocessamento da criminalidade, de forma que o software se torne um
instrumento de uso corriqueiro
das polícias contra a escalada do
crime no país.
Só Porto Alegre
Por enquanto, apenas Porto
Alegre adotou o software e o utiliza como um programa piloto.
Outras capitais estaduais, como
São Paulo e Belo Horizonte, adotam programas semelhantes, embora não sejam tão avançados
quanto o TerraCrime e não sejam
softwares desenvolvidos especificamente para essa questão.
De acordo com Luiz Fernando
Corrêa, secretário Nacional de Segurança Pública, órgão do Ministério da Justiça, até julho as três
pessoas de cada Estado que passam pelo treinamento -um da
Polícia Militar, um da Polícia Civil
e outro da Secretaria de Segurança- estarão aptas a iniciar a multiplicação do uso do programa em
todo o país.
A adesão das principais cidades
a esse sistema de mapeamento da
criminalidade, associado a um
outro programa, o de uniformização dos dados das ocorrências de
crimes que são repassados para o
Ministério da Justiça, vai possibilitar, segundo Corrêa, a criação,
no futuro, de um plano nacional
de segurança.
"Cabe aos gestores estaduais e
municipais a adesão ao programa. Eles devem se articular com
as secretarias de Segurança Pública, que vão contatar os municípios. A questão está bem encaminhada, vamos sentir o reflexo já
no ano que vem", declarou o secretário nacional à reportagem da
Agência Folha.
Ferramenta necessária
O geoprocessamento do crime é
um instrumento científico reconhecidamente eficiente, mas só
ele não basta, segundo o sociólogo Róbson Sávio Reis Souza, secretário-executivo do Crisp (Centro de Criminalidade e Segurança
Pública), da UFMG, que trabalha
com a Polícia Militar de Minas
desde 1997.
"Se as polícias não tiverem instrumentos necessários para operá-lo e gente qualificada para analisar as inúmeras informações que
ele gera, não terá muito efeito. O
software é uma ferramenta necessária, mas insuficiente para melhorar a segurança pública."
A Secretaria Nacional de Segurança Pública crê na adesão dos
municípios ao programa como
forma de política pública contra a
criminalidade.
O sociólogo da UFMG também
acredita nisso, mas diz que a adesão se dará mais facilmente porque as polícias não têm outros
instrumentos científicos para
combater a criminalidade.
"Nos municípios com mais de
150 mil habitantes, são praticados
cerca de 70% dos crimes do país.
Então, por falta de opção, eles vão
ter que aderir", afirmou.
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