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Burocracia tira verba das piores escolas
Municípios mais pobres têm dificuldades em comprovar titularidade de terreno onde recursos serão aplicados, o que impede repasse
De 12 escolas consultadas, 10 não receberam ajuda; secretários de Educação pedem flexibilidade ao MEC, que admite problemas
Reginaldo Pereira - 23.ago.07/Agência A Tarde
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Alunos da primeira série do ensino fundamental na área externa da escola municipal Plínio Carneiro, na cidade de Biritinga (BA)
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma exigência burocrática
tem impedido que recursos do
governo federal cheguem às escolas com os piores indicadores
educacionais do país.
O repasse de recursos aos
municípios com mais dificuldades é considerado pelo próprio
governo como uma de suas
principais ações para melhorar
a educação básica brasileira (da
creche ao ensino médio).
O problema ocorre porque o
Tesouro Nacional exige que,
para que haja transferência de
verbas para construção, reforma ou ampliação da unidade, a
prefeitura deve apresentar
comprovação em cartório de titularidade do terreno onde serão investidos os recursos.
No entanto, são justamente
os municípios mais pobres que
têm relatado mais dificuldades
em obter o registro -principalmente aqueles em áreas rurais,
indígenas ou quilombolas, onde dificilmente há documentação sobre a posse das terras.
A Folha conseguiu contato
com 12 das 20 cidades com os
piores indicadores educacionais do país, identificados pelo
MEC como prioritários para
receber ajuda técnica e financeira dentro do PDE (Plano de
Desenvolvimento da Educação), lançado há um ano e que é
o principal projeto do governo
Lula na educação.
Dez dessas cidades reclamaram da burocracia, que tem dificultado o recebimento dos recursos. Um exemplo é Aquibadã (SE), onde há só uma sala de
leitura e uma quadra esportiva
para as 27 escolas da cidade. A
prefeitura pede verba para melhorar todas as unidades.
Já Dom Aquino (MT) busca
verbas para a construção de
uma escola, pois parte da rede
municipal funciona de forma
improvisada em salas que já
chegaram a ser interditadas pelo sistema estadual, por serem
vizinhas a uma delegacia.
O MEC admite o problema
(leia mais nesta pág.), mas diz
que nenhum recurso do PDE
deixou de ser aplicado.
A Secretaria do Tesouro Nacional diz que as exigências são
feitas para evitar que um imóvel, depois da aplicação de verbas da União, seja reclamado
pelo proprietário, prejudicando o atendimento à população.
A presidente do Consed
(conselho que representa os
secretários estaduais de Educação), Maria Auxiliadora Seabra Rezende, diz que o problema burocrático é preocupante.
"Estamos pedindo mais flexibilidade ao governo. Um dos
pontos mais críticos para os
municípios mais pobres é justamente a construção ou reforma dos equipamentos escolares", afirma a presidente da
Undime (entidade que representa os secretários municipais
de Educação), Justina Silva.
"A burocracia atrapalha. Faltou uma vírgula, o projeto volta", diz a secretária de Educação de Itaúba (MT), Ivanir Cavalheiro Zonta -cidade com o
segundo pior indicador do país.
Apesar das críticas com relação às verbas para infra-estrutura, todos os gestores elogiaram os demais pontos do plano
do governo, principalmente o
auxílio técnico. " É um problema que temos de resolver, talvez com visita a cada local", diz
a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar.
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