São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2008

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Suspeito de tráfico é preso com crachá do PAC

Adauto Gonçalves, 28, o Pitbull, trabalha como vigia nas obras do morro Pavão-Pavãozinho; ele já foi gerente do tráfico local

Polícia recorreu a escutas para obter mandado de prisão contra ele; Gonçalves diz já ter sido traficante, mas que deixou "movimento"

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Um homem suspeito de ser o gerente do tráfico no morro Pavão-Pavãozinho em Copacabana (zona sul do Rio) foi preso durante operação com uma carteirinha de vigia na obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na favela.
Mesmo sendo considerado o número dois na hierarquia do tráfico na região, a polícia levou dez horas para conseguir um mandado de prisão contra Adauto do Nascimento Gonçalves, 28, o Pitbull. Ele foi preso em casa, desarmado.
Sem o flagrante, a polícia recorreu a uma investigação em curso na Deat (Delegacia de Atendimento ao Turista). Escutas telefônicas indicavam a ligação de Pitbull com o tráfico no morro. Às 18h10, foi assinado o mandado de prisão por associação ao tráfico.
Pitbull assume que foi gerente do tráfico antes e depois de sair da prisão -por porte ilegal de armas-, em 2006. "Não podia sair da prisão e sair logo do movimento, sendo que todo mundo mandava dinheiro para mim [na prisão]." Ele afirma que saiu do tráfico em 2007.
"A prisão dele não foi ilegal. Ele foi levado para ser ouvido na Deat sobre a investigação em curso", disse o delegado da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), Marcos Vinicius Braga. "No Pavão-Pavãozinho há muitas pessoas ligadas ao tráfico que participam de roubos a turistas. O tráfico tem a ver com essa ação", diz o delegado-adjunto da Deat, Daniel Mayr.
Braga afirmou que a polícia investiga a inscrição de traficantes em obras do PAC. "Com uma carteira de trabalho, ele [traficante] consegue se livrar às vezes. Se eu não soubesse o que estava procurando, talvez o deixasse [Pitbull] livre."
O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que há 20 dias pediu às empresas responsáveis pelas obras do PAC -além do Pavão-Pavãozinho, há obras no complexo do Alemão, em Manguinhos e na Rocinha- uma lista com os nomes dos contratados. A pasta quer saber quem são os trabalhadores.
A OAS, responsável pela obra, afirmou que "a exigência de "nome limpo" é conduta discriminatória e causa danos morais e materiais irreversíveis, por estar atingindo a dignidade da pessoa e criando obstáculos às oportunidades de emprego". Segundo a Secretaria de Obras, Adauto freqüentava o trabalho normalmente.


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