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Suspeito de tráfico é preso com crachá do PAC
Adauto Gonçalves, 28, o Pitbull, trabalha como vigia nas obras do morro Pavão-Pavãozinho; ele já foi gerente do tráfico local
Polícia recorreu a escutas para obter mandado de prisão contra ele; Gonçalves diz já ter sido traficante, mas que deixou "movimento"
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Um homem suspeito de ser o
gerente do tráfico no morro Pavão-Pavãozinho em Copacabana (zona sul do Rio) foi preso
durante operação com uma
carteirinha de vigia na obra do
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) na favela.
Mesmo sendo considerado o
número dois na hierarquia do
tráfico na região, a polícia levou
dez horas para conseguir um
mandado de prisão contra
Adauto do Nascimento Gonçalves, 28, o Pitbull. Ele foi preso
em casa, desarmado.
Sem o flagrante, a polícia recorreu a uma investigação em
curso na Deat (Delegacia de
Atendimento ao Turista). Escutas telefônicas indicavam a
ligação de Pitbull com o tráfico
no morro. Às 18h10, foi assinado o mandado de prisão por associação ao tráfico.
Pitbull assume que foi gerente do tráfico antes e depois de
sair da prisão -por porte ilegal
de armas-, em 2006. "Não podia sair da prisão e sair logo do
movimento, sendo que todo
mundo mandava dinheiro para
mim [na prisão]." Ele afirma
que saiu do tráfico em 2007.
"A prisão dele não foi ilegal.
Ele foi levado para ser ouvido
na Deat sobre a investigação
em curso", disse o delegado da
Dcod (Delegacia de Combate às
Drogas), Marcos Vinicius Braga. "No Pavão-Pavãozinho há
muitas pessoas ligadas ao tráfico que participam de roubos a
turistas. O tráfico tem a ver
com essa ação", diz o delegado-adjunto da Deat, Daniel Mayr.
Braga afirmou que a polícia
investiga a inscrição de traficantes em obras do PAC. "Com
uma carteira de trabalho, ele
[traficante] consegue se livrar
às vezes. Se eu não soubesse o
que estava procurando, talvez o
deixasse [Pitbull] livre."
O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que há 20 dias pediu às empresas responsáveis
pelas obras do PAC -além do
Pavão-Pavãozinho, há obras no
complexo do Alemão, em Manguinhos e na Rocinha- uma
lista com os nomes dos contratados. A pasta quer saber quem
são os trabalhadores.
A OAS, responsável pela
obra, afirmou que "a exigência
de "nome limpo" é conduta discriminatória e causa danos morais e materiais irreversíveis,
por estar atingindo a dignidade
da pessoa e criando obstáculos
às oportunidades de emprego".
Segundo a Secretaria de Obras,
Adauto freqüentava o trabalho
normalmente.
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