|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Parceria com ONG abre crise na Abrinq
23 dos 28 conselheiros renunciaram devido a acordo da fundação com entidade dos EUA; grupo diz que acerto privilegia quantidade
Presidente demissionário do
Conselho Consultivo afirma que a Abrinq "mudou para pior" ao assinar o convênio com a Save The Children
DA REPORTAGEM LOCAL
Um acordo assinado em
2009 com a ONG norte-americana Save The Children deflagrou uma crise no comando da
fundação Abrinq, entidade sem
fins lucrativos que atua em defesa dos direitos da criança.
Ontem, 23 dos 28 integrantes
do Conselho Consultivo da fundação entregaram uma carta
com seus pedidos de renúncia.
Também deixaram a entidade
quatro membros do Conselho
de Administração e o conselheiro honorário Fernando
Henrique Cardoso, ex-presidente da República.
Assinam o texto ainda os empresários e ex-presidentes da
fundação Oded Grajew, Sérgio
Mindlin e Hélio Mattar.
O presidente demissionário
do Conselho Consultivo, o psicanalista Jorge Broide, afirmou
que a fundação Abrinq "mudou
para pior" ao assinar o convênio com a Save The Children.
Para ele, a entidade passou a se
preocupar mais com o número
de atendimentos do que com a
qualidade desse serviço.
"Os projetos continuam sendo tocados, mas com muitas alterações", afirmou Broide.
Ele critica, por exemplo, a
gestão do programa Empresa
Amiga da Criança, uma das
marcas da Abrinq. De acordo
com o conselheiro, a fundação
concedia o selo apenas para as
empresas que tivessem projetos importantes voltados ao
atendimento de crianças e adolescentes que fossem além das
exigências legais -como ter
creche para os filhos das funcionárias, por exemplo.
"A fundação sempre esteve à
frente, puxando as empresas
para atuar na área da criança e
do adolescente. Agora, se a empresa cumprir a legislação, ela
pode ser uma empresa amiga
da criança, se quiser."
Jorge Broide ressaltou que a
crítica não é à ONG norte-americana, que, segundo ele, faz um
trabalho sério em todo o mundo, mas à forma com que o convênio foi conduzido pela direção da fundação, sem a participação dos conselheiros.
"O Conselho Consultivo é a
inteligência da entidade. Esse
processo mostra que há um
gravíssimo problema de governança. É uma parceria estratégica, que muda os projetos, a
gestão e até a marca da entidade, e o conselho foi excluído do
processo", disse Broide.
Para ele, o grupo que se desliga -outras pessoas devem sair
nos próximos dias, afirma-
deixa a entidade "com muita
tristeza" por acreditar que a
fundação cumpriu um papel
histórico no Brasil. De acordo
com Broide, o grupo ainda não
conversou sobre a possibilidade de montar uma nova ONG.
Os demissionários escreveram um artigo, publicado ontem na Folha, em que relatam
os motivos de sua saída.
Texto Anterior: Agostinho Pessoa de Seabra Soares (1926-2010): Em casa, foi o Agostinho Bril, o 1.001 utilidades Próximo Texto: Acordo ampliará o atendimento, afirma entidade Índice
|