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CNBB critica adoção de crianças por gays
Entidade se diz contra decisão do STJ que garante direito a homossexuais; "nem sempre o que é legal é moral e ético", afirma
Pastor evangélico tem posição semelhante à da Igreja Católica; para Federação Espírita Brasileira, o mais importante é o amor
JOHANNA NUBLAT
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A adoção por casais gays, direito reconhecido em decisão
inédita anteontem pelo STJ
(Superior Tribunal de Justiça),
tira da criança a possibilidade
de crescer em um ambiente familiar formado por pai e mãe,
afirma o padre Luiz Antônio
Bento, assessor da comissão
para vida e família da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Nem sempre o que é legal é
moral e ético, afirma ele. "Cremos que a questão da adoção
por casais homossexuais fere o
direito da criança de crescer
nessa referência familiar."
Para padre Bento, as crianças
têm o direito de conviver com
as figuras masculina e feminina
no papel de pais.
A decisão do STJ tratou do
caso específico de duas mulheres de Bagé (RS) e pode influenciar processos futuros. O caso
será analisado pelo Supremo
Tribunal Federal.
O pastor Paulo Freire, presidente do conselho de doutrina
da igreja evangélica Assembleia
de Deus, tem posição semelhante a do padre Bento.
"A criança precisa da figura
do pai e da mãe para entender a
vida", afirmou.
Para Freire, a instituição não
é contra homossexuais. "Somos contra o casamento deles."
Continua e diz que a existência
de dois pais ou duas mães confunde a criança sobre as figuras
tradicionais da paternidade.
"Se a criança não tem um pai
e vive só com a mãe, sabe, mesmo assim, o que é a figura do
pai. O casal homossexual que
adota, foge disso", diz o pastor.
A FEB (Federação Espírita
Brasileira) discorda de que a
adoção por um casal gay pode
ter efeitos negativos sobre a
criança. "O mais importante
em termos de educação e família é o amor. Com ele, não se entra na questão da sexualidade",
disse Geraldo Campetti, diretor-executivo da FEB.
Para Campetti, o importante
é a preservação da família e a
formação do caráter. "O maior
problema das uniões é a promiscuidade, tanto em relações
entre homem e mulher quanto
em relações entre pessoas do
mesmo sexo."
Para Toni Reis, presidente da
ABGLT (Associação Brasileira
de Lésbicas, Gays, Bissexuais,
Travestis e Transexuais), as críticas à decisão do STJ incitam o
preconceito. "Casais de homem
e mulher com filhos representam hoje 50% das famílias. Filhos criados com avó, pais e
mães solteiros... todos, então,
têm problemas?", critica.
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