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"Parada pode virar Carnaval", diz antropólogo
DA REPORTAGEM LOCAL
"São Paulo não é uma ilha
num mar de atraso." Para o
antropólogo Ronaldo Trindade -organizador, com o
brasilianista James N. Green,
de "Homossexualismo em
São Paulo e Outros Escritos"-, a escalada de participação na Parada do Orgulho
GLBT de São Paulo reflete
uma mudança de mentalidade do país todo.
"O Brasil é o país que mais
tem paradas gays no mundo.
Há eventos de Belém (PA) a
Porto Alegre (RS)", diz ele.
Segundo Green, no entanto,
a parada corre o risco de perder seu viés político e virar
um Carnaval fora de época
caso se torne comercial.
Leia, a seguir, trechos da
entrevista à Folha.
(FM)
Folha - São Paulo pode se
tornar símbolo mundial do
movimento gay?
Ronaldo Trindade - São
Paulo se tornou um espaço
privilegiado para a homossexualidade vivida no Brasil,
e a parada reflete isso. Mas
não podemos esquecer que,
há cinco anos, um homossexual foi assassinado na praça
da República por skinheads.
James N. Green - O movimento GLBT de São Paulo é
o mais criativo e dinâmico
do mundo. Mas o mundo
não deve reconhecê-lo. Na
Europa e nos EUA, poucos
sabem onde fica São Paulo.
Folha - A parada gay é festa
ou é política?
Green - É uma combinação
de festa e política. Nas paradas norte-americanas só entra quem pertence a um grupo organizado. É chato.
Folha - Esse avanço é paulistano ou brasileiro?
Green - O que acontece
aqui em São Paulo atinge todo o país. O revolucionário
do movimento gay é essa
coisa de se assumir. Isso
obriga as famílias a lidar
com o assunto e a se reposicionar. "Se tenho um filho
gay, não posso ser tão preconceituoso".
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