São Paulo, domingo, 29 de maio de 2005

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"Parada pode virar Carnaval", diz antropólogo

DA REPORTAGEM LOCAL

"São Paulo não é uma ilha num mar de atraso." Para o antropólogo Ronaldo Trindade -organizador, com o brasilianista James N. Green, de "Homossexualismo em São Paulo e Outros Escritos"-, a escalada de participação na Parada do Orgulho GLBT de São Paulo reflete uma mudança de mentalidade do país todo.
"O Brasil é o país que mais tem paradas gays no mundo. Há eventos de Belém (PA) a Porto Alegre (RS)", diz ele. Segundo Green, no entanto, a parada corre o risco de perder seu viés político e virar um Carnaval fora de época caso se torne comercial.
Leia, a seguir, trechos da entrevista à Folha. (FM)

Folha - São Paulo pode se tornar símbolo mundial do movimento gay?
Ronaldo Trindade -
São Paulo se tornou um espaço privilegiado para a homossexualidade vivida no Brasil, e a parada reflete isso. Mas não podemos esquecer que, há cinco anos, um homossexual foi assassinado na praça da República por skinheads.
James N. Green - O movimento GLBT de São Paulo é o mais criativo e dinâmico do mundo. Mas o mundo não deve reconhecê-lo. Na Europa e nos EUA, poucos sabem onde fica São Paulo.

Folha - A parada gay é festa ou é política?

Green - É uma combinação de festa e política. Nas paradas norte-americanas só entra quem pertence a um grupo organizado. É chato.

Folha - Esse avanço é paulistano ou brasileiro?
Green -
O que acontece aqui em São Paulo atinge todo o país. O revolucionário do movimento gay é essa coisa de se assumir. Isso obriga as famílias a lidar com o assunto e a se reposicionar. "Se tenho um filho gay, não posso ser tão preconceituoso".

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