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Grávida é mantida viva para salvar bebê
Mãe tem quadro clínico irreversível; bebê tem 16 semanas e, para viver fora do útero, precisaria ter 28
JORGE DURAN
DO "AGORA"
Uma equipe médica tenta
manter, por meio de aparelhos,
as funções vitais da gestante
Flávia Silveira da Silva, 25. Tudo para que o feto, hoje com 16
semanas, se desenvolva até viver fora do útero da mãe -na
28ª semana de gestação.
Grávida de quatro meses,
Flávia foi atingida na cabeça, no
sábado, por uma bala perdida
em São Bernardo do Campo
(ABC). Segundo os médicos,
seu quadro clínico é irreversível, mas a morte cerebral ainda
não pôde ser confirmada para
não haver risco à criança.
Os médicos do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo
André, pretendem manter a
mulher com vida por, pelo menos, mais 12 semanas. Seu quadro ainda não está definido
porque, para comprovar a morte cerebral, são necessários vários exames -e um deles consiste em desligar o oxigênio da
mãe, o que poderia comprometer a vida do bebê, que não tem
pulmões formados.
O caso de Flávia é considerado raro na medicina e, dizem os
médicos, há registros de apenas
outros dois casos no mundo:
um na Espanha e outro no Brasil. No entanto, as outras gestantes estavam em período de
gravidez mais avançado e, por
isso, os bebês foram retirados.
O neurocirurgião Jorge Pagura explica que esta situação é
diferente porque, com apenas
quatro meses de gestação, não é
possível fazer uma cesárea agora. "A criança pesa atualmente
190 gramas. Para a retirada, são
necessários pelo menos 750."
Grávida do primeiro filho, a
gestante já havia, segundo os
familiares, escolhido o nome do
menino: Guilherme. Flávia raramente saía à noite, segunda a
família. Ela foi atingida quando
voltava de uma quermesse. Os
disparos foram feitos durante
uma troca de tiros entre um assaltante e um guarda-civil.
A chefe da UTI neonatal do
hospital, a pediatra Sandra Gianela, disse que as próximas semanas são cruciais. "A cada semana de sobrevivência, aumenta em 10% a chance de ele
conseguir atingir os sete meses
para ser retirado do útero."
Para se desenvolver, o bebê
depende exclusivamente do
oxigênio e da alimentação
-agora por meio de sonda.
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