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Barragem se rompe, destrói casas e mata 4
80 pessoas se feriram; inundação ocorre menos de uma semana após governo do Piauí descartar possibilidade de rompimento da obra
Exército, Defesa Civil e bombeiros procuram os desaparecidos; vi "um verdadeiro tsunami", disse ontem o governador
Efrém Ribeiro
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Equipe de resgate carrega, em uma rede, corpo de garota morta após o rompimento da barragem Algodões 1, em Cocal, no Piauí
MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
O rompimento de parte da
barragem Algodões 1, no norte
do Piauí, causou a morte de pelo menos quatro pessoas e deixou 80 feridos no município de
Cocal (a 282 km de Teresina).
A onda de dez metros de altura espalhou estragos por uma
área de 50 km2.
Cerca de 120 casas ficaram
destruídas. São 2.000 pessoas
desabrigadas e 953 desalojadas. De manhã, o governo do
Estado falava em cem desaparecidos. No início da noite, esse
número caiu para 11. As buscas
foram interrompidas à noite.
Por volta das 16h de anteontem, 10 milhões de metros cúbicos de água represada do rio
Pirangi (um quinto da capacidade da obra) vazaram quase
que de forma instantânea após
o rompimento de um pedaço
de concreto da barragem por
onde o excedente é escoado.
Há três semanas, o governo
retirou cerca de 2.500 famílias
da região em razão do risco de
rompimento. Um dique foi
construído a pedido do projetista da obra, o engenheiro Luiz
Hernani, para conter a água. A
barragem foi erguida em 2001.
As pessoas só começaram a
retornar para casa após um parecer do projetista, na quinta-feira da semana passada, que
dizia não haver mais risco.
Com o vazamento de água,
que secou a barragem, duas garotas, uma de dez e outra de 12
anos, um homem de 72 anos e
uma mulher de 73 anos morreram. O Exército, a Defesa Civil
e o Corpo de Bombeiros foram
mobilizados.
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), sobrevoou
ontem as áreas atingidas e classificou o que viu de "um verdadeiro tsunami". Dias recebeu
ontem uma ligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que determinou apoio imediato da Secretaria Nacional de
Defesa Civil.
Estragos
No município de Cocal, que
tem 26.200 habitantes, postes
e animais foram arrastados pela correnteza, pessoas se abrigaram em árvores e um trecho
da BR-343 chegou a ser interditado. O fornecimento de energia foi cortado. Apenas um gerador mantém serviços essenciais, como o hospital, além do
abastecimento de água.
A chuva que voltou a atingir a
região na manhã de ontem deixou a população de Cocal ainda
mais apreensiva. Desalojados
não paravam de chegar à região
central do município (que não
sofreu com a enchente). Áreas
próximas à barragem ficaram
isoladas pela inundação.
Moradores que chegaram
aos abrigos, improvisados em
escolas, clubes e ginásios, relataram um cenário de destruição nas áreas mais atingidas.
Há relatos também de casas
reviradas, geladeiras e fogões
em cima de árvores e uma grande quantidade de animais, como bois e porcos, mortos.
A paróquia de Cocal se tornou uma espécie de centro de
operações dos trabalhos de resgate. "A água não chegou à cidade, mas as comunidades vizinhas foram devastadas. Há pessoas mortas. O pessoal perdeu
tudo. Tem muita gente que
conseguiu fugir, que está no
mato, nos morros, e terá de ser
retirada de helicóptero", disse o
pároco Everaldo Ramos.
O uso de abrigos improvisados ocorre também na vizinha
Buriti dos Lopes, que, como
Cocal, teve comunidades afastadas atingidas pelas águas da
barragem. Desde anteontem,
cerca de cem famílias foram retiradas de localidades alagadas.
"Estamos com o pessoal isolado, em áreas ilhadas. Há 50
famílias nessa condição. Não
temos acesso a esses povoados,
já que a água da barragem chegou até lá", disse o tenente-coronel Daniel Pereira da Silva,
do Corpo de Bombeiros.
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