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Rompimento da obra era previsível, diz engenheiro
Segundo especialista da Federal do PI, governo ignorou alerta da meteorologia
"Essa barragem "avisou" que ia romper", diz professor; empresa responsável por reservatório diz que era impossível prever acidente
AFONSO BENITES
DA AGÊNCIA FOLHA
O engenheiro civil e chefe do
Departamento de Recursos Hídricos da UFPI (Universidade
Federal do Piauí), Manoel Coelho Soares Filho, disse ontem
que o rompimento da barragem Algodões 1 era "previsível", já que institutos de meteorologia apontaram que as chuvas devem continuar atingindo
a região até meados de junho.
Soares Filho criticou o engenheiro Luiz Hernani, responsável pelo projeto de construção
da obra, que afirmou não haver
risco de rompimento.
"Essa barragem "avisou" que
ia romper. Projetistas estiveram na região, retiraram as famílias ribeirinhas de suas casas
e depois disseram que elas podiam voltar. Não sei em que dados eles se basearam para autorizar o retorno. Eu não tomaria
essa decisão porque as chuvas
só diminuíram, mas ainda chove muito na região", afirmou.
Segundo o professor, não havia uma manutenção adequada
da barragem. "Começaram a fazer um reparo lá, mas isso não
foi suficiente. A manutenção
deveria ser feita no período de
seca, não agora."
Soares Filho disse ainda que
a barragem de Algodões 1 não
cumpria as funções previstas
em seu projeto inicial: abastecimento e irrigação.
A presidente da Emgerpi,
empresa responsável pela barragem, Lucile Moura, disse que
era impossível prever o rompimento de parte da estrutura
(leia texto nesta página). Segundo ela, a barragem era, sim,
utilizada para o abastecimento
de água do município de Cocal.
Previsão
As chuvas que atingem os Estados do Maranhão, Piauí e
Ceará devem continuar até o
dia 15 de junho, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia no Nordeste).
A precipitação pode chegar à
região atingida pelo vazamento
da barragem de Cocal, afirma
Ednaldo Araújo, do Inmet.
Colaborou a Agência Folha, em Salvador
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