São Paulo, domingo, 29 de maio de 2011

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USP vira "garagem" para passageiros de linha da CPTM

Motoristas estacionam o carro no campus, cruzam o rio Pinheiros e pegam o trem na estação Cidade Universitária

Conseguir vaga com mais facilidade e fugir do trânsito na marginal são as vantagens, afirmam os motoristas

DE SÃO PAULO

Na obsessão de escapar do trânsito paulistano, moradores da zona oeste da capital que conhecem os meandros da USP adotaram um método alternativo de deslocamento.
Com seus carros, lotam diariamente as vagas de um trecho de uma das avenidas da Cidade Universitária, perto do velódromo.
Eles saem a pé pelo portão de pedestres que dá para marginal, atravessam a ponte sobre o rio Pinheiros e entram na estação de trem Cidade Universitária, da linha 9-esmeralda da CPTM.
"Faço isso há um ano. Trabalho na Berrini, que não tem estacionamento fácil. Também escapo do trânsito da marginal", diz Mariana Mota, 26, que estudou na USP e sabe como é o local.
A distância entre as estações Cidade Universitária e Berrini, por trem, costuma ser percorrida em menos de 20 minutos. De carro, pode-se levar ao menos o dobro.

PERIGO
As pessoas começam a parar o carro na USP por volta das 7h. Algumas só retornam à noite, desafiando o perigo -no último dia 18, o estudante Felipe Ramos de Paiva, 24, foi morto por volta das 21h30 no estacionamento da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade.
Segundo a direção da USP, já houve registro de furto de carro perto da saída para a estação de trem. "O trajeto é perigoso depois que anoitece. Fui seguida uma vez nesse trajeto. E tive que parar na guarita", conta a geóloga.
O portão de pedestres da USP tem uma guarita mantida pela universidade. Há um funcionário lá. Mas não existe nenhum tipo de controle de quem passa por ali.
A caminhada até o trem é curta, mas tem alguns obstáculos. Primeiro, um caminho cimentado por uma espécie de praça mal conservada.
Depois, a faixa de pedestres sobre a alça de acesso à marginal Pinheiros. O trânsito, às vezes, é grande naquela área. E, por fim, a própria ponte Cidade Universitária.
No fim da tarde, é fácil ver o movimento de pessoas entrando pelo portão de pedestres da USP. Elas andam alguns metros, tiram a chave do bolso, entram no carro.
O modo de vestir -gravatas ou echarpes, por exemplo, em tarde fria- também denuncia que não se trata, apenas, de estudantes.
(EDUARDO GERAQUE)


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