São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2004

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PROSTITUIÇÃO

Suposto crime teria sido armado contra vice-governador do Amazonas, investigado pela CPI da Exploração Sexual

Garotas são acusadas de tentar extorsão

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Uma garota de 17 anos e a estudante Renata de Oliveira Guerreiro, 22, foram indiciadas pela Polícia Civil ontem sob acusação de extorsão contra o vice-governador do Amazonas, Omar Aziz (PFL).
O caso estava sendo investigado, em sigilo, desde o dia 17, quando a adolescente foi detida pela polícia, na zona centro-sul de Manaus, no momento em que exigia de Aziz, segundo o próprio vice-governador, uma quantia em dinheiro para não denunciá-lo como um de seus clientes em programas sexuais.
A garota chegou a declarar a Aziz que a delegada Graça Silva, da Deapca (Delegacia Especializada de Assistência e Proteção à Criança e ao Adolescente), estava envolvida na extorsão. Em depoimento na Deapca, ela negou, e ontem, em novo depoimento, disse que a denúncia contra Aziz e a delegada era uma armação planejada por Renata Guerreiro, que também foi indiciada por favorecimento à prostituição.
"Renata sugeriu que extorquisse o Omar porque ele estava sendo investigado por uma CPI", disse a garota, que afirmou que era explorada sexualmente pela estudante desde os 15 anos. "Ela [Renata] agenciava programas sexuais com empresários e ganhava R$ 30 pelo agenciamento", completou a adolescente, segundo transcrição de seu depoimento.
O suposto envolvimento de Omar Aziz -que é pré-candidato à Prefeitura de Manaus- na prostituição infantil veio à tona no dia 26 de maio, quando ele foi acusado pela delegada Graça Silva de pressioná-la a não apresentar à CPI de Exploração Sexual do Congresso um inquérito no qual era citado por uma menina de 15 anos. A CPI, que já o ouviu, notificou o vice-governador ao Ministério Público por obstrução dos trabalhos da comissão.
Aziz nega seu envolvimento tanto na prostituição infantil como na coação à delegada e pediu a criação de uma CPI na Assembléia Legislativa do Amazonas para esclarecer o caso. Ao depor na comissão estadual, a menina isentou o vice-governador.
Segundo a delegada Graça Silva, a principal prova da tentativa de extorsão contra Aziz é um aparelho de telefone celular apreendido com a garota. Nele constam os números telefônicos do irmão do vice-governador Amin Aziz e do empresário Murilo Rayol, que teria intermediado o encontro da garota com o vice-governador, desencadeando a prisão.
Renata Guerreiro negou a tentativa de extorsão e o aliciamento, mas confirmou que a adolescente a procurou no dia em que foi detida. "Ela [a garota] disse que ia receber muito dinheiro, mas que, se demorasse a me procurar, é porque estaria morta", disse Renata Guerreiro à Agência Folha.
Para a delegada Graça Silva, o envolvimento de seu nome na tentativa de extorsão foi feito para denegrir sua imagem. "É uma armação muito estranha", disse.
O vice-governador Omar Aziz disse que a garota contatou seu amigo Murilo Rayol: "Nossa atitude foi chamar polícia, que está fazendo a investigação".


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