São Paulo, quinta-feira, 29 de junho de 2006

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Agente é assassinado em nova ação do PCC

Atentado, em Itapecerica da Serra, ocorre dois dias após a polícia matar 13 supostos integrantes da facção criminosa

Polícia prendeu um envolvido na ação, que disse que responsáveis pela morte estavam cumprindo ordem da facção criminosa


RICARDO GALLO
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um agente penitenciário foi assassinado a tiros ontem pela manhã, em frente à casa onde morava, em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo), em ação que a polícia suspeita ter sido articulada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). Um homem foi preso e três suspeitos foram identificados.
O crime ocorreu dois dias depois de a polícia matar 13 pessoas supostamente ligadas ao PCC, minutos antes de uma pretensa tentativa de ataque contra agentes prisionais em São Bernardo do Campo.
A vítima foi Nilton Celestino, 41, casado, pai de seis filhos, salário de cerca de R$ 2.000, há 15 anos no sistema prisional. De folga, ele fazia bicos como pedreiro quando foi abordado por três homens armados e que se identificaram como policiais.
Eram cerca de 7h. Ao atendê-los, Celestino foi baleado com mais de 20 tiros de escopeta calibre 12 e pistola 9mm, a maioria no peito, barriga e nas costas. Ele morreu na hora.
Policiais e agentes penitenciários, que consideraram o assassinato uma espécie de revanche de integrantes da facção criminosa, trabalham com a iminência de novos ataques. Os mortos em São Bernardo, segundo a polícia, tinham a missão de matar de cinco a 15 agentes penitenciários.
Segundo a polícia, a casa onde Celestino trabalhava como pedreiro era vigiada pelos assassinos desde as 5h30 de ontem. Um sobrado a cerca de 100 metros da casa foi o local escolhido pelo grupo. Na noite de anteontem, eles haviam procurado Renato Fernandes de Souza, 21, um dos donos da casa, para fazer campana no local.
"Pelo depoimento do Renato, eles disseram que tinham recebido ordem da facção criminosa [PCC] para matar, até sexta-feira, um agente penitenciário que morava naquela região", disse o delegado seccional de Taboão da Serra, Erasmo Pedroso Filho.
Souza, que não tinha antecedentes criminais, foi preso. "Eles me ameaçaram, eu não tinha saída", justificou.
Com base no relato dele, a polícia disse ter identificado outros três suspeitos, todos com passagem pela polícia. Até o início da noite de ontem, eles não haviam sido encontrados. O delegado suspeita de um quarto envolvido no atentado.
O delegado, porém, evitou associar o crime à suposta tentativa frustrada de ataques do PCC contra os agentes em São Bernardo. "Estamos no início da investigação."
Um colega de trabalho de Celestino, porém, disse não ter dúvidas de que foi uma ação do PCC. "Todos os agentes sabiam que os detentos da cadeia estavam devendo para o partido [PCC], porque eles tentaram fazer uma rebelião na semana passada e não conseguiram", disse ele, que pediu para não ser identificado. O governo do Estado não confirmou ontem a suposta tentativa de rebelião.


Colaborou o "Agora"

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