São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

43% dos caminhões trafegam vazios em SP

O dado consta no relatório "Mobilidade Urbana na Cidade de São Paulo", produzido pela consultoria de transportes TTC

Um dos autores do estudo diz que a restrição a caminhões irá obrigar o setor de logística a otimizar o uso dos veículos

DA REPORTAGEM LOCAL

Caminhões vazios correspondem a 43% das cerca de 39.360 viagens diárias que têm como origem ou destino fábricas e centros de distribuição de mercadorias da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo). Ou seja: na prática, para cada caminhão que sai ou chega carregado, um outro está vazio.
O dado consta no relatório "Mobilidade Urbana na Cidade de São Paulo", da consultoria de transportes TTC, com números da pesquisa de origem e destino de transporte rodoviário e aeroportuário da Secretaria de Estado dos Transportes.
Um dos autores do estudo, o consultor de transportes e ex-diretor da Dersa Bernardo Alvim, diz que um efeito colateral da restrição a caminhões no centro da cidade será obrigar o setor de logística de transportes -que inclui fabricantes, transportadoras e comércio- a encontrar soluções para otimizar o uso dos veículos.
Alvim considera alto o percentual de caminhões vazios, mas faz a ressalva de que eles são inerentes ao transporte de carga na cidade, onde as viagens são mais curtas e com menor quantidade de produtos.
É o argumento dos transportadores. "A transportadora faz tudo, na medida do possível, para evitar caminhões vazios. Nem sempre consegue porque é uma atividade dinâmica", diz o vice-presidente do Setcesp (sindicato das empresas de transporte de carga do Estado), Manoel de Souza Lima Jr.
"Mas esse percentual [de caminhões vazios] poderia ser menor se houvesse mais facilidades para a comunicação entre os fabricantes e as transportadoras", observa Alvim.
Entretanto, para ele, embora as restrições anunciadas pela prefeitura tenham a "virtude" de obrigar o setor a buscar soluções, as medidas terão efeito limitado, já que não chegam acompanhadas de projetos de longo prazo.
Uma alternativa, enfatiza, seria o investimento em estudos para a criação de centros de distribuição em pontos estratégicos da cidade -"algo para os próximos 10 ou 15 anos", mas "que deve começar desde já".
Esses locais serviriam para centralizar as cargas que vêm de fora em caminhões grandes e abrigariam a transferência de produtos para veículos menores, apropriados a rodar dentro da cidade -como VUCs.
"É como o táxi. Precisa ter uma central para otimizar as entregas", diz o presidente da ANTP (Associação Nacional dos Transportes Públicos) e ex-presidente da CET, Ailton Brasiliense. Ele avalia os 43% de caminhões vazios como "uma loucura desnecessária".
Chicago e Paris, cujos centros hoje são referência, começaram a planejá-los há ao menos 20 anos. "Precisamos aprender a planejar uma cidade nova em cima da antiga", diz o consultor Luiz Bottura. (ALENCAR IZIDORO e RICARDO SANGIOVANNI)

Texto Anterior: Veto a caminhão mudará rotina de SP
Próximo Texto: Kassab muda a diretriz na área em ano eleitoral
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.