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Grevistas da USP barram acesso a creche
Crianças foram impedidas de entrar até para usar o banheiro; chamada pelos pais, PM apareceu, mas não interferiu
Outros carros da PM estão em frente ao centro de computação, que está sob ameaça de bloqueio pelos grevistas
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
Funcionários grevistas da
USP bloquearam ontem as
portas da creche central da
universidade, onde estudam
180 filhos de servidores, de
professores e de estudantes.
O acesso ao prédio foi negado até para uma menina
de quatro anos que queria
usar o banheiro.
Os funcionários, em greve
desde 5 de maio, decidiram
fechar as entradas da creche
porque, segundo eles, a USP
continua registrando faltas
para os grevistas -o que a
reitoria não confirma.
No inicio do mês, eles invadiram a reitoria, também
em protesto contra o corte de
salários.
O piquete começou por
volta das 6h, quando cerca
de 20 funcionários grevistas
bloquearam as portas do prédio com bancos e faixas. Alguns estudantes também
participaram da ação.
Por volta das 7h, funcionários da creche que não estão
em greve começaram a chegar, mas foram impedidos de
entrar. Logo depois, foi a vez
dos pais. Com as crianças no
colo, tentavam convencer os
grevistas a deixá-los passar.
"Em vez de fazerem isso
em prédios grandes, que causam impacto, eles atingem as
crianças, que são as mais frágeis", dizia Teresa Mansur,
mulher de um professor da
Faculdade de Química.
Segurando as mãos da filha de quatro anos, ela tentava entrar para que a menina
usasse o banheiro. Os manifestantes disseram para ela
levar a filha a outro prédio.
Gerardo Kuntschik, professor da ECA (Escola de Comunicações e Artes), também discutiu com os piqueteiros. "Disseram que eu sou
covarde, que estou me escondendo atrás do meu filho",
diz.
No meio da confusão, um
carro de som chegou. Ao microfone, os grevistas discursavam para tentar convencer
os pais a apoiar o protesto.
Crianças tapavam os ouvidos
e tentavam abafar o som com
pandeiros e chocalhos que
levaram para a aula.
A PM foi chamada pelos
pais. Dois carros estiveram
lá, mas saíram após cinco minutos, sem entrar na briga.
A Guarda Universitária
também estava no local, mas
não interferiu. Segundo um
dos guardas, que não quis se
identificar, ninguém podia
fazer nada sem um mandado
de reintegração de posse.
Por volta das 9h30, o grupo de 60 pessoas, entre funcionários da creche não grevistas e pais, foi embora.
Ontem, havia oito carros
da PM em frente ao prédio do
CCE (Centro de Computação
Eletrônica). Os veículos estavam lá para o caso de se confirmar a ameaça dos grevistas de bloquear o prédio.
GREVE
Na creche central, 14 dos
72 funcionários aderiram à
greve. Há uma outra creche
na Cidade Universitária, que
atende outras cem crianças,
que está totalmente parada.
Os piquetes na creche central devem continuar por
tempo indeterminado, afirmam os funcionários. No ano
passado, a greve durou 57
dias e a creche ficou parada
durante todo esse tempo.
Amanhã, os grevistas têm
uma nova reunião de negociação com a reitoria da USP.
Eles pedem 5% de reajuste.
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