São Paulo, terça-feira, 29 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FOCO

Por bebida e petisco, torcedor enfrenta stress pré-jogo em SP

RICARDO WESTIN
DE SÃO PAULO

"Está aberto?", perguntam dois rapazes esbaforidos. Vêm de outros três supermercados de Higienópolis (centro) que já estavam fechados. Aliviados, entram em disparada e com alvo definido: a geladeira de refrigerantes.
Falta menos de meia hora para o jogo do Brasil, e muita gente ainda está comprando comidas e bebidas.
As gôndolas de xampus e desinfetantes estão às moscas. As de cervejas geladas e petiscos engordativos, ao contrário, congestionadas.
"A Coca está quente", queixa-se um daqueles rapazes. "Pega qualquer uma e vamos para a batata frita", reage o amigo. Na pressa, não viram o preço de nada.
Paira um ar de tensão. Um senhor com cervejas no colo atravanca o caminho. Três amigas com camisetas amarelas esbarram nele. Um homem pede passagem com um impaciente "vai, Brasil!".
Um menino de mãos dadas com a mãe toca uma corneta irritante. E a voz do alto-falante pressiona: o supermercado vai fechar.
Se fosse um dia comum, alguém teria perdido a cabeça. Em vez disso, o senhor atropelado entende os sorrisinhos das moças -seria redundante explicar a pressa.
A voz do alto-falante avisa que o supermercado abrirá após o jogo Brasil x Chile. Alguém berra "Brasil!" e o garoto faz eco com a corneta. O alto-falante interage em tom radiofônico: "É isso aí: boa sorte à nossa seleção!".
Nas filas dos caixas, as pessoas olham o relógio. Algumas roem as unhas. Uma caixa suplica ao segurança: "Não deixe ninguém entrar. Como fica nosso jogo?".
Do lado de fora, a rua tem mais carros que o habitual. No pré-jogo, algumas avenidas de São Paulo chegaram a ter engarrafamento.


Texto Anterior: Fenômeno climático é recorrente
Próximo Texto: Mortes
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.