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FOCO
Por bebida e petisco, torcedor enfrenta stress pré-jogo em SP
RICARDO WESTIN
DE SÃO PAULO
"Está aberto?", perguntam
dois rapazes esbaforidos.
Vêm de outros três supermercados de Higienópolis (centro) que já estavam fechados.
Aliviados, entram em disparada e com alvo definido: a
geladeira de refrigerantes.
Falta menos de meia hora
para o jogo do Brasil, e muita
gente ainda está comprando
comidas e bebidas.
As gôndolas de xampus e
desinfetantes estão às moscas. As de cervejas geladas e
petiscos engordativos, ao
contrário, congestionadas.
"A Coca está quente",
queixa-se um daqueles rapazes. "Pega qualquer uma e
vamos para a batata frita",
reage o amigo. Na pressa,
não viram o preço de nada.
Paira um ar de tensão. Um
senhor com cervejas no colo
atravanca o caminho. Três
amigas com camisetas amarelas esbarram nele. Um homem pede passagem com
um impaciente "vai, Brasil!".
Um menino de mãos dadas com a mãe toca uma corneta irritante. E a voz do alto-falante pressiona: o supermercado vai fechar.
Se fosse um dia comum,
alguém teria perdido a cabeça. Em vez disso, o senhor
atropelado entende os sorrisinhos das moças -seria redundante explicar a pressa.
A voz do alto-falante avisa
que o supermercado abrirá
após o jogo Brasil x Chile. Alguém berra "Brasil!" e o garoto faz eco com a corneta. O alto-falante interage em tom
radiofônico: "É isso aí: boa
sorte à nossa seleção!".
Nas filas dos caixas, as
pessoas olham o relógio. Algumas roem as unhas. Uma
caixa suplica ao segurança:
"Não deixe ninguém entrar.
Como fica nosso jogo?".
Do lado de fora, a rua tem
mais carros que o habitual.
No pré-jogo, algumas avenidas de São Paulo chegaram a
ter engarrafamento.
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