São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 2011

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Pescadores saem do RJ, ficam à deriva e são resgatados em SC

Os seis saíram de Cabo Frio em 27 de maio e deveriam retornar em 9 de junho, mas tiveram problemas no barco

Com água e comida para 15 dias, eles tiveram que beber a própria urina; apesar de debilitados, pescadores passam bem


MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DO RIO

Debilitados, com frio, fome e sede, seis pescadores que ficaram à deriva por pelo menos 18 dias chegaram ontem à tarde ao Rio após terem sido resgatados a 500 km de seu ponto de partida.
Eles saíram em 27 de maio de Cabo Frio (RJ), para onde deveriam retornar em 9 de junho, após a pescaria em alto-mar. Por problemas ainda não identificados no barco, ficaram à deriva até serem resgatados no litoral de Santa Catarina, anteontem.
Com mantimentos para 15 dias, passaram fome e sede. "Não tinha nada para comer, tivemos de beber urina", disse Maicon Santos, 24, o mais jovem da tripulação e o único do Estado do Rio -os demais são capixabas.
Ele disse que a embarcação enfrentou uma tempestade e quase afundou. Vagando à deriva em alto-mar com um barco pequeno, tiveram dificuldade de ser vistos por outros navegantes.
"Passaram vários navios, mas era como se nós não fôssemos nada", disse.
Quem os encontrou e os socorreu, a mais de 200 km da costa, foi o navio-tanque Marola, de bandeira italiana, que navegava de Rio Grande (RS) rumo a Trinidad e Tobago e os levou até o Rio.
Sentado em uma ambulância, Santos estava abatido e muito magro, mas conseguiu desembarcar caminhando -três dos colegas saíram em macas, aparentando estar desacordados.
A seu lado, sua mãe, Maria das Graças, 53, chorava. "Eu sempre soube que ele estava vivo. Deus é maior."
Segundo Pedro Araujo, 50, dono do barco e contratante da tripulação, a embarcação -a traineira Wiltamar III, de 12 m de comprimento, que não foi resgatada- tinha oito anos e estava equipada para pescar em mar aberto.
"Eles tinham sonda, dois rádios. Foi uma fatalidade.
Ainda vamos saber o que aconteceu, devem ter sofrido uma pane elétrica", disse Araujo. A Marinha confirmou que a documentação estava regular.

INTERNADOS
Depois de desembarcarem, os seis homens foram encaminhados a hospitais.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, Maicon Santos foi internado no Miguel Couto, na Gávea (zona sul), assim como Zenildo Pacheco, 31.
José Claudio da Conceição, 35, e Cristiano Souza, 32, foram para o hospital Souza Aguiar, no centro.
Leandro Martins, 34, e Gilnei da Silva, 56, estão em observação no Salgado Filho (Méier, zona norte).
De acordo com a secretaria, os seis chegaram às unidades desidratados, mas passam bem. Não há previsão de alta. A Marinha informou que vai abrir um inquérito. Os pescadores e o dono do barco serão ouvidos, assim como os marinheiros que os resgataram.

Colaborou LUIZA SOUTO, do Rio


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