São Paulo, sexta-feira, 29 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Policiais são investigados após receber recompensa

Eles ganharam R$ 100 mil por solucionar sequestro

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Traição, sequestro, dinheiro e obras de arte. Esses ingredientes de trama policial fazem parte da apuração da Corregedoria da Polícia Civil contra dois policiais investigados por receber um prêmio de R$ 100 mil por supostamente solucionar um crime.
Em outubro de 2009, Maisa Rodrigues Arantes, mulher de Valter Arantes, 67, pecuarista, foi sequestrada na avenida Brasil, uma das mais movimentadas da zona oeste.
Colocada num caixote e levada numa Kombi, Maisa escapou dos criminosos horas depois. Indignado, o pecuarista passou a receber ajuda dos investigadores Marcello Natalle e Silvio Teixeira Garcia para achar os criminosos.
A irmã de Natalle trabalhava para a família Arantes e o apresentou ao pecuarista para que ele e seu amigo Garcia fizessem segurança privada.
Natalle também foi recomendado ao pecuarista por Evandro Luiz Tavares, dono de uma empresa de transporte e guardadora de móveis que lhe prestava serviços.
Para surpresa da família Arantes, meses após começar a investigar o caso, Natalle e Garcia conseguiram fazer Tavares confessar ter sido o mentor do sequestro.
"O Evandro era de minha confiança e foi uma das duas pessoas que deram aval para contratar os serviços de segurança dos policiais Marcello e Silvio", disse o pecuarista.
"Como havia oferecido [de formal informal] R$ 1 milhão para quem solucionasse o sequestro, e os dois policiais civis sabiam disso, resolvi dar R$ 50 mil para cada um."
Assim que a Corregedoria passou a investigar o "prêmio" de R$ 100 mil aos investigadores, Arantes disse à polícia que Tavares (hoje procurado pelo sequestro) havia vendido para ele, por R$ 22 mil, sete quadro roubados.
Eram quatro do argentino Hector Julio Páride Bernabó, o Carybé; dois do italiano Inos Corradin; e um do também italiano Dario Mecatti. As obras foram apreendidas.

OUTRO LADO
O advogado Francisco Lobo da Costa Ruiz, defensor de Natalle e Garcia, afirmou que eles não têm relação com os crimes atribuídos a Tavares.
"Os policiais têm uma empresa legalizada, que não fere o regimento da polícia. Prestavam um serviço para o senhor que os premiou com os R$ 100 mil. Eles não exigiram nada", disse Ruiz.
"Eles não têm relação com a venda dos sete quadros. Prova disso é que eles trabalham até hoje."


Texto Anterior: Foco: Em férias, juízes usam escolta policial para passear de moto
Próximo Texto: Morre jovem atropelado por jipe na Vila Madalena
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.