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Câmara pagará estagiários para vereadores
Cada vereador terá direito a 4 estagiários, que não precisarão dar expediente na Casa; decisão ocorre a um ano da eleição
Quando todos os cargos estiverem preenchidos, serão 234 novas vagas de estágio; despesa anual chegará a cerca de R$ 2,7 mi
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A um ano da campanha eleitoral de 2008, a Mesa Diretora
da Câmara de São Paulo autorizou os 55 vereadores a contratar, cada um, quatro estagiários
remunerados. O presidente da
Câmara terá direito a dez, além
dos quatro de seu gabinete.
Pelo ato normativo, que passou a vigorar ontem, os estagiários não precisam dar expediente na Câmara. Ou seja, podem atuar nas bases eleitorais.
A nova investida para contratar pessoal ocorre três meses
após a criação, pelos próprios
vereadores, de um pacote de
benesses que permitiu a eles
gastar livremente R$ 12,5 mil
em despesas de gabinete. Antes, tinham direito ao equivalente a R$ 10 mil em cotas de
papel, xerox, telefone etc.
Quando todos os cargos estiverem preenchidos, serão 234
novas vagas de estágio. Hoje, há
85 estagiários de nível superior
e 81 de nível médio, mas lotados
em setores administrativos da
Casa e em comissões. Os novos
atuarão nos gabinetes.
Hoje, a despesa por estagiário de nível superior chega a R$
1.105. Com os de nível médio,
R$ 866. Como a Câmara seguirá o mesmo critério de remuneração, a despesa anual com o
novo pacote chegará a cerca de
R$ 2,7 milhões. Para efeito de
comparação, a Casa planeja
gastar em 2007 R$ 125 milhões
com o pessoal da ativa -haverá
impacto de 2,5% na folha.
A proposta para contratar estagiários vem sendo discutida
desde 2005, mas cresceu com
uma articulação entre todos os
partidos da Casa e a anuência
do seu presidente, Antonio
Carlos Rodrigues (PR).
Para permitir que a idéia fosse levada à frente, neste mês foi
publicada uma resolução da
Mesa da Câmara -que, além de
Rodrigues, é formada por Adilson Amadeu (PTB), Gilson Barreto (PSDB), José Américo
(PT) e Milton Leite (PMDB).
Procurado, Rodrigues disse
que apenas José Américo iria
falar. O petista disse que não
existe a possibilidade de "desvio" dos estagiários para atuar
em bairros, embora a norma
não regulamente a situação.
"Teremos diversos mecanismos de controle, no gabinete,
pela comissão de acompanhamento e ainda pelo Ciee [Centro de Integração Empresa-Escola], que hoje seleciona nossos
estagiários", diz Américo, primeiro-secretário da Câmara.
Membro da bancada governista na Mesa, Gilson Barreto
(PSDB) disse que se trata de um
projeto com finalidade "social".
"Vamos oferecer a oportunidade para jovens aprenderem."
Seleção
Pelo ato, "o vereador será
responsável pela indicação dos
estagiários", sem explicar como. O estagiário terá vales-alimentação e transporte. A freqüência será controlada pelo
chefe de cada gabinete.
Os vereadores têm salário de
R$ 7.155 por mês e podem manter até 18 assessores, que ganham até R$ 6.700, além de requisitar para prestar serviços
no gabinete mais dois funcionários de órgãos públicos.
Os 24 funcionários, caso estejam trabalhando todos juntos
e ao mesmo tempo no gabinete,
terão de se espremer em um espaço médio de 85 m2, sem contar móveis e outras instalações.
Em Brasília, o regimento não
permite que parlamentares
contratem estagiários para
seus gabinetes. Cada deputado
tem direito a verba de gabinete,
que pode ser usada para contratar funcionários livremente.
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