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Bar não é lugar para proibição, diz entidade
Diretor jurídico da Abrasel classifica projeto de "ridículo" e afirma que ele afastará os clientes de bares e restaurantes
As fabricantes de cigarro Souza Cruz e Philip Morris afirmaram que só se manifestariam após terem acesso à íntegra da proposta
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Após a lei seca, a proibição de
cigarros dentro de bares e restaurantes pode ser um novo
golpe para o setor, acreditam
associações do ramo.
"Vai ser prejudicial para o
mercado. Muita gente gosta de
ir a bares e restaurantes e fumar. Bar não é lugar para fazer
proibições. Há pessoas que deixarão de ir. Sair para fumar na
rua não é muito agradável",
afirma o diretor jurídico da
Abrasel (Associação Brasileira
de Bares e Restaurantes), Percival Maricato.
A Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do
Estado de São Paulo concorda.
"O radicalismo da proibição é,
de longe, a mais negativa e impactante medida econômica
para o setor de hospitalidade do
Estado de São Paulo de todos os
tempos, trazendo com isso uma
série de conseqüências desastrosas", diz o órgão, em nota.
A federação ressalta ainda
que é favorável à proibição, mas
em "locais em que o cidadão
não tem possibilidade de escolha", como hospitais e repartições públicas, ou em ambientes
sem ventilação, como cinemas,
teatros, museus e bibliotecas.
"Em bares e restaurantes o
cliente pode escolher o estabelecimento que lhe convier, a região do estabelecimento e até a
área reservada para fumantes
ou não", destaca a nota.
Ridículo
O diretor jurídico da Abrasel
classificou o projeto de lei como "ridículo" e disse que já
existem leis municipais e federais que versam sobre o mesmo
assunto. "A lei estadual não pode se sobrepor à federal", diz,
em referência à Lei 9.294, de
1996, que proíbe o uso de cigarros ou similares em locais fechados, exceto em espaços isolados e destinados para isso.
Maricato afirma que seria
necessário, contudo, definir
melhor como esse espaço fechado para fumantes funcionaria, o que, segundo ele, não foi
regulamentado pela lei federal.
"A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) chamou o setor para discutir isso
no ano passado em Brasília,
mas o assunto foi interrompido
porque o governo decidiu que
ia proibir o cigarro totalmente
[nos bares e restaurantes]", diz.
A melhor solução para o problema, de acordo com ele, seria
o governo deixar que os estabelecimentos decidissem com os
clientes se devem permitir ou
não o fumo.
"O proprietário vive dos
clientes, ele não quer desagradá-los. Ele vai perceber o que os
clientes querem fazer", diz. "Aí,
ele veria no "Guia da Folha", ao
lado de informações sobre o local, como se tem ou não manobrista, se permite ou não que se
fume. As pessoas saberiam antes de sair de casa e poderiam
escolher o local com base nisso", exemplifica.
Setor de tabaco
A reportagem entrou em
contato ontem com as fabricantes de cigarro Souza Cruz e
Philip Morris para saber a posição das empresas em relação ao
projeto de lei. Ambas disseram
que só se manifestariam após
terem conhecimento da íntegra do projeto.
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