São Paulo, sexta-feira, 29 de agosto de 2008 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Texto cifrado antecipa resultado de licitação
Oito horas antes da abertura dos envelopes pelo Metrô de São Paulo, texto sobre ópera trouxe nome da Camargo Corrêa
O resultado da licitação para
a construção da via permanente 2-Verde do Metrô, obra de
mais de R$ 200 milhões, foi antecipado pela Folha Online oito horas antes da abertura dos
envelopes, ontem, em São Paulo. O nome da vencedora e detalhes do processo foram ocultados em texto sobre a ópera
"Salomé", que entrou em cartaz ontem na Sala São Paulo.
A antecipação mostra que a
concorrência pode ter sido direcionada, de forma a dar vitória ao consórcio liderado pela
Camargo Corrêa. Procurada, a
empresa se recusou a falar sobre o assunto.
A obra em questão trata da
ampliação da linha 2-verde no
trecho de Alto do Ipiranga até
Vila Prudente. Hoje essa linha
vai da Vila Madalena até o Alto
do Ipiranga. Essa expansão é
uma das bandeiras políticas da
gestão José Serra (PSDB).
As empresas excluídas da licitação irão à Justiça contestar
o resultado. Pelo conteúdo dos
envelopes abertos ontem, por
volta das 9h, o consórcio Camargo Corrêa/Queiroz Galvão
apresentou a "melhor" proposta. O consórcio pediu R$ 219,7
milhões para executar a obra
-12% acima dos R$ 196 milhões previstos pelo Metrô. A
segunda colocada foi a Andrade
Gutierrez, que pediu R$ 222,1
milhões. A terceira colocada foi
a OAS (R$ 226 milhões).
Para excluir quatro das oito
empresas que disputavam a licitação, o Metrô usou um parecer técnico da Ieme Brasil, empresa contratada como projetista da 2-Verde. Ela prestou
serviço à Camargo Corrêa. O
procedimento é contestado administrativa e judicialmente
pelas perdedoras (Galvão/Engevix; Iesa Consbem/Serveng;
Carioca/Convap/Sultepa; Tejofran/Somafel).
Pela Lei das Licitações (nº
8.666), a Ieme não poderia participar nem "direta" nem "indiretamente" do processo.
O Metrô informou a exclusão
das quatro empresas no "Diário Oficial" do Estado da última
terça. Para fundamentar essa
decisão, em vez de produzir um
parecer próprio, a direção do
Metrô usou o que a Ieme fez
para a Camargo Corrêa. Ou seja, o Metrô usou o argumento
de uma das concorrentes para
desclassificar as demais. Para
especialistas, o processo foi
"contaminado".
Texto Anterior: Consórcio e Metrô não se manifestam sobre documento da Polícia Científica Próximo Texto: Metrô e construtora não se pronunciam Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |