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Para polícia, mãe de bebê salvo por fralda foi "relapsa"
Polícia Civil de Recife (PE) deve indiciá-la por suspeita de lesão corporal culposa
"Não houve descuido, ela é uma mãe muito dedicada", diz marido; pena por lesão corporal culposa é de dois meses a um ano de prisão
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Civil deve indiciar
por suspeita de lesão corporal
culposa (não-intencional) a
mãe do bebê que caiu na terça-feira do terceiro andar de um
prédio em Recife e foi salvo pela fralda descartável.
Para o delegado Carlos Onofre, que investiga o caso, Francieli Pinto Rebelo, 21, foi "relapsa" ao deixar um sofá encostado sob uma janela aberta,
sem grade ou rede de proteção.
"Vi como um descuido muito
forte. Ao deixar o sofá naquele
lugar, ela assumiu o risco de
produzir o resultado", disse ele.
A pena prevista para o crime
de lesão corporal culposa é de
dois meses a um ano de prisão.
O bebê, Cauã Felipe Massaneiro, de um ano e meio, caiu
após subir no sofá de casa e se
inclinar na janela aberta. Durante a queda, de aproximadamente dez metros, bateu em
uma janela no segundo andar e
em um guarda-chuva.
As colisões desviaram o menino em direção ao muro que
separa o edifício do prédio vizinho. Cauã ficou preso pela fralda nas farpas metálicas de segurança do muro. Logo depois,
a fralda se abriu e o bebê caiu.
Segundo o pai da criança,
Alexandre César Massaneiro,
23, o menino fraturou a perna
esquerda e quatro costelas -e
não uma, como Massaneiro havia dito antes-, mas passa bem
e deverá receber alta até o final
da semana. "Ele está rindo e
brinca até com o soro", disse.
Para ele, sua mulher não teve
culpa no acidente. "Eu descarto
essa hipótese, e já acionei um
advogado que vai me orientar
sobre o caso", afirmou. "Não
houve descuido, ela é uma mãe
bastante dedicada."
Francieli foi ouvida ontem
pelo delegado. Ela disse não haver percebido o afastamento do
menino e que só soube da queda de seu filho quando ouviu
gritos de vizinhos.
O delegado afirmou que os
vizinhos elogiaram o comportamento da família. Segundo
ele, o pai não será indiciado
porque não estava em casa.
Impacto da queda
Cálculos da equipe do curso
de física da Unesp de Ilha Solteira (SP) apontam que, se a
fralda não atenuasse a queda,
Cauã atingiria o chão com velocidade aproximada de 50 km/h,
num impacto de 2,1 toneladas.
"Certamente a criança não
resistiria [à queda do prédio]",
afirmou o vice-coordenador do
curso, Hermes Aquino.
Segundo ele, a fralda teve o
mesmo efeito dos cintos de segurança nos carros e diminuiu
a velocidade de chegada ao solo
para 22,5 km/h -o impacto foi
reduzido para cerca de 430 kg.
O Ministério de Saúde afirma
que acidentes ou lesões não-intencionais representam a principal causa de morte de crianças de um a 14 anos no Brasil.
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